Há duas décadas, Santos tinha três delegacias de polícia que funcionavam 24 horas por dia. Nos três plantões noturnos, havia 22 policiais civis.
Hoje, há somente uma delegacia de plantão, com seis policiais, apesar do crescimento demográfico. Não era para ter diminuído o efetivo, mais sim aumentado.
A ONU sugere um policial para cada 250 habitantes. Santos tem 420 mil habitantes e deveria ter 1.700 profissionais. Porém, não tem mais do que 290 civis e 350 militares.
O déficit é 40% na polícia civil e 22% na militar. Nas duas, o efetivo não chega a 800. Ainda que agregue parte da guarda municipal, os números são abaixo do que sugerem os especialistas.
Envelhecidos e desqualificados?
No porto, a qualificação da mão de obra é uma reivindicação constante dos sindicatos. Infelizmente, para alguns empresários e suas representações, os trabalhadores são envelhecidos e desqualificados.
Falam isso em vários congressos Brasil afora, mas não reconhecem a falta de investimentos que deveriam ter feito desde a implementação da lei 8.630-1993.
Essa lei, de modernização dos portos, estabeleceu que cabe aos empresários qualificar a mão de obra. Mas eles não cumpriram essa e outras de suas atribuições.
O que querem é desprestigiar os mais antigos, mesmo com toda sua experiência. São profissionais qualificados e sobreviventes, pois trabalharam esses anos todos sem equipamentos de proteção individual.
Programa das eleições
A situação dos policiais e dos portuários foi exposta no primeiro programa ao vivo do Sindest pelo facebook, youtube e instagram, na noite de segunda-feira (2), sobre as eleições municipais de outubro.
Sindest é o sindicato dos 11 mil servidores estatutários e 7 mil aposentados da prefeitura e câmara, que prosseguirá com suas ‘lives’ a respeito das eleições nas próximas semanas.
Na primeira, seu presidente, Fábio Pimentel, e o diretor de comunicação, Daniel Gomes, entrevistam os candidatos a vereador Renato do Sinpolsan (PT) e Miro Machado (PSB).
Eles são, respectivamente, presidentes licenciados dos sindicatos dos policiais civis e dos operários portuários (Sintraport). A mediação, como sempre, foi do jornalista Willian Ribeiro
Sem omissão
“O que fazer sobre o déficit policial?”, perguntou Renato. Ele mesmo respondeu. “Não ser omisso”, disse, referindo-se à prefeitura e câmara. “É necessário mobilizar a sociedade”.
Ele propõe um conselho municipal de segurança, a exemplo dos que existem na saúde, educação e outros setores. “A população tem o direito de saber e o estado o de informar o orçamento de segurança para a cidade”.
Por que delegacias que deveriam ter 36 polícias têm apenas seis? Por que caiu tanto o número de policiais militares nas cidades da região? São Perguntas do sindicalista.
Mataram trabalhadores
Miro, por sua vez, ponderou que os portuários trabalharam durante décadas com aparelhos precarizados. “Muitos cabos quebraram, lingadas caíram e mataram trabalhadores”.
“Nesse tempo todo, sem os cursos de hoje, os portos do Brasil sempre bateram recordes. Os portuários mais antigos têm condições de dar aulas aos mais novos por causa da experiência acumulada”.
Se eleito, o sindicalista pretende repercutir na câmara a difícil situação dos portuários, ampliando a luta dos sindicatos por melhores ganhos e condições de trabalho.
‘Pec’ e reforma
Questionados por Fábio, Daniel e Willian sobre como pretendem agir em prol dos servidores, Renato e Miro se colocaram à disposição do Sindest para as lutas da categoria.
Comprometeram-se, por exemplo, com a reforma administrativa proposta pelos sindicalistas do funcionalismo. E prometeram engrossar a luta contra a ‘pec’ 32-2020.
Essa proposta de emenda constitucional, mandada ao congresso nacional pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), extingue serviços públicos e consequentemente prejudica dos servidores.
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