PUBLICADO EM 24 de ago de 2018
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Estivador de Santos questiona ação do MPT contra sindicato

“O Ministério Público do Trabalho (MPT) defende um lado no embate interminável entre capital e trabalhadores no porto. E esse lado não é o nosso, com certeza. Ao contrário, para nós vem sempre chumbo.”

Foto: Reprodução

Com essa declaração, o diretor social e de imprensa do sindicato dos estivadores de Santos, Sandro Olímpio da Silva, o Cabeça, questiona a mais nova investida do MPT contra a direção sindical.

O MPT ajuizou ação civil pública contra a diretoria, na semana passada, para “impedir que o Sindestiva se aproprie indevidamente de valores pertencentes aos estivadores”.

“Os procuradores acham”, pergunta Sandro, “em sã consciência, que os estivadores, uma categoria forjada na luta histórica contra injustiças sociais, se deixariam ludibriar por uma direção que lhes roubasse?”.

“Oriundos de uma camada social que se acha elite, esses procuradores não conhecem o trabalho que seu ministério público se propõe a fiscalizar. E conhecem menos ainda os portuários”, prossegue.

“Sabe o que eles deveriam fazer, em vez de acusar o sindicato de se apropriar de dinheiro dos associados? Fiscalizar os terminais que descumprem leis e normas internacionais de trabalho”, diz Sandro.

Fiscalizem utilização de mão de obra irregular

“Estamos cansados de pedir ao ministério público que fiscalize a utilização irregular de mão de obra nos terminais, inclusive tripulações estrangeiras, sem que os promotores mexam uma palha”, pondera.

“Ao contrário, requentam uma ação que já tem dez anos, na tentativa de impedir a atuação de um sindicato de luta, exatamente num momento de confronto terrível com os empresários do porto”, explica o sindicalista.

Segundo Sandro, os estivadores estão em campanha salarial, para a data-base de março, “e os patrões se recusam a negociar, o que causou uma greve de três dias, no começo deste mês”.

“Não precisa ter mais de três neurônios para concluir que a finalidade dos procuradores é inviabilizar a atuação do sindicato neste momento reivindicatório crucial”, diz o diretor.

“Reafirmo apenas que os estivadores já teriam nos expulsado do sindicato se estivéssemos roubando a categoria, como alegam os promotores”, diz Sandro.

“Portanto”, pondera o sindicalista, “pedimos apenas que o ministério público deixe em paz estes trabalhadores e seus dirigentes que querem somente relações de trabalho justas”.

“Por fim”, encerra Sandro, “a estiva sugere que o ministério público do trabalho converse com seus colegas do ministério público federal para fiscalizarem tramoias de empresários portuários que pipocam no noticiário”.

Advogado esclarece

O advogado do sindicato Marcello Vaz Santos esclarece que o fundo de natureza não salarial (fnns), a que se refere o MPT, não é para repasse aos trabalhadores, mas sim para a entidade.

“Não tem como o sindicato se apropriar de fundo dos trabalhadores”, explica Marcello. “Não há desconto algum do trabalhador. É um fundo criado com destinação ao sindicato”.

Fonte: Estivadores de Santos

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