PUBLICADO EM 16 de ago de 2021
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Erick Silva assume a presidência da FEM/CUT com desafios pela frente

Em plenária realizada no último final de semana, o companheiro Erick Pereira da Silva, de São Carlos, teve formalizada a posse da presidência da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT-SP), após a saída de Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, que agora vai para a direção no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Formado em Ciências Sociais com mestrado em gestão pública, Erick presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e estava como dirigente da FEM. Neste momento, ele assume a presidência da entidade em um cenário de Campanha Salarial que inspira a desafios e muitas lutas que estarão pela frente.

Em entrevista ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) ele falou sobre as perspectivas deste momento e sobre a responsabilidade de assumir a presidência da Federação que hoje representa cerca de 194 mil trabalhadores metalúrgicos no estado.

SMetal: Você assume a presidência da FEM em um período de Campanha Salarial e cheio de desafios. Qual a sua avaliação disso?

Erick: O momento para a campanha salarial é especial porque demanda compreensão da base. Nós estamos com uma pressão inflacionária, principalmente nos pontos que são mais sensíveis na vida das famílias como, por exemplo, um altíssimo crescimento no preço da alimentação; a energia elétrica que nos últimos meses cresceu grandemente; a inflação hoje, já está chegando perto dos 10% — considerando o período da nossa data base. Por outro lado, o faturamento das empresas, na maioria dos nossos setores, cresceu neste período apesar do déficit na economia. Por várias razões, nosso setor diferente da economia toda, cresceu.

Cresceu emprego, só que diminuiu a massa e a média salarial. Quer dizer, hoje temos até mais metalúrgicos do que um ano atrás, estamos produzindo mais e a ocupação na indústria aumentou, porém estamos ganhando menos individualmente e a massa salarial também é menor. É um ambiente em que temos que cobrar a parte que diz respeito à classe trabalhadora nesse processo.

Mesmo com essa percepção de que o trabalhador está sofrendo em seu bolso, há uma concepção de que “não é hora de cobrar”. Isso tem que ser revertido, porque é hora sim. Estamos fazendo um esforço grande de mostrar para os companheiros e os sindicatos essa situação da indústria e a questão do salário principalmente, porque as pessoas percebem que estão ganhando menos, mas estão amedrontadas com o momento que estamos vivendo.

SMetal: Você presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos por dois mandatos. O que você tira de aprendizado deste período que poderá servir de guia para sua atuação à frente da FEM?

Erick: O sindicato é o primeiro espaço de pressão. O trabalhador não vai à Federação para discutir o PPR dele; para discutir a data base. Então, o sindicato sofre uma pressão da base muito maior. Os nossos filiados são os sindicatos que já tem suas várias demandas e, acho que a principal experiência que tiro desses mandatos é de entender a base. Além disso, a vivência que tive com o meu sindicato, que tem um peso muito forte no Grupo 2 (máquinas e eletrônicos) – que também é o maior grupo de negociação do estado – contribuiu bastante para estar conversando e compreendendo as necessidades da base.

SMetal: Quais são os desafios que você espera enfrentar no seu mandato à frente da FEM?

Erick: Eu acredito que o maior desafio que a Federação passou foi os últimos seis anos. O Luizão, presidente que está completando a sua trajetória na FEM, passou por um problema de unidade entre os sindicatos; ele passou pelo período pré-golpe; ele enfrentou o golpe contra o governo Dilma; a PEC da morte; a Reforma Trabalhista e sentiu os impactos econômicos e jurídicos para a Federação e, por fim, também enfrentou a Reforma da Previdência.

Neste momento em que as pessoas começam a enxergar o tamanho do equívoco que foi este período, conseguimos enxergar que o Luizão pegou a pior parte do osso [sic]. Não vejo que agora vamos ter mais facilidade, mas não será um período tão difícil.

Teremos vários desafios, a categoria tem que acrescentar consciência na base para mostrar que precisamos de representantes no parlamento. Não é o papel da Federação fazer política partidária, porém é nosso dever mostrar o quanto o parlamento foi nocivo ao povo trabalhador deste país nos últimos seis anos.

Estamos falando de 2015 para cá. A classe trabalhadora no Brasil não teve votos no Congresso Nacional para barrar a reforma constitucional. Foram três que impactaram diretamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Então, essa tarefa é também da Federação: de colocar no ambiente de trabalho, no dia a dia, o tamanho do impacto que isso teve na nossa vida e terá no nosso futuro.

SMetal: Os dados do Dieese mostram que a Federação representa 194 mil metalúrgicos. Como ser assertivo nessa representação?

Erick: O papel da Federação é, justamente, estar próxima dos sindicatos para dar essa atenção, já que a necessidade de cada uma das entidades é diferente. Há uma grande disparidade de condições e, desta forma, precisamos estar próximo aos filiados para entender as especificidades que existem e levar para frente – não somente nas negociações – mas ao longo do ano, em que acontecem demandas de todos os tipos.

SMetal tem representação na diretoria da FEM

Atualmente, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba tem dois representantes na diretoria da FEM. Adilson Faustino, o Carpinha, ocupa a função de tesoureiro da entidade com mandato até 2023; e a dirigente Priscila dos Passos Silva também integra o quadro dos diretores executivos da Federação.

Entrevista publicada no site do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região

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