Um homem morreu nesta terça (9), após dar entrada no Hospital das Clínicas no sábado (5) com suspeitas de ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Trata-se do entregador Thiago de Jesus Dias, de 33 anos, que saiu de casa às 19h30 do sábado para trabalhar e não voltou. Atuando como Micro Empreendedor Individual (MEI), ele recebia pedidos por vários aplicativos: Uber Eats, Rappi, Loggi…
Por volta das 22h30, Dias se deslocou até Perdizes para atender um pedido da advogada Ana Luísa Pinto pelo Rappi. Quando ele chegou ao local, já estava passando mal. “Ele narrou dor de cabeça forte, náusea e pressão baixa. Junto a isso, tremia muito e vomitou algumas vezes”, relata Ana.
Ela afirma que ligou para o SAMU, que abriu ocorrência, e tentou contato com a Rappi. Segundo a advogada, a empresa “pediu para que déssemos baixa no pedido para que eles conseguissem avisar aos próximos clientes que não receberiam seus produtos no horário previsto”.
Esperaram cerca de duas horas e o homem continuou sem socorro. Ela e os amigos tentavam conversar com Dias para conseguir algum contato familiar, até que ele balbuciou o nome Daiane. Ana procurou o nome na agenda do celular e ligou. Do outro lado da linha, a irmã do jovem prontamente atendeu e foi de Uber para o local. Isaque, outro irmão de Thiago, começou a procurar amigos de Pirituba, onde moram, para ir de carro até o endereço.
Quando Daiane chegou à porta da casa de Ana, encontrou o irmão desacordado e decidiu pedir outro Uber para levá-lo ao hospital. Quando o motorista chegou, no entanto, se recusou a transportar a vítima, que tinha urinado devido ao mal súbito. “Carregamos ele para dentro do carro com o argumento de que omissão de socorro é crime, mas nada adiantou. O condutor se recusou a fazer a viagem”, conta a advogada.
Neste momento, os amigos da família Dias chegaram ao local de carro. Transferiram o homem de um veículo para outro e o levaram ao HC. Ele chegou inconsciente e acabou na UTI. Os médicos constataram um aneurisma cerebral e ele não voltou a ganhar consciência. Isaque explica que os médicos apontaram a demora no atendimento da vítima como uma das causas da morte.
O irmão do jovem também afirma que até o momento nenhuma companhia entrou em contato com a família. Por meio de nota, a Rappi afirma que “lamenta profundamente o falecimento e se solidariza com os seus familiares. A empresa reforça ainda que está apurando os fatos e está aberta a colaborar com as autoridades”.
A Secretaria Municipal de Saúde, a qual o SAMU está integrado, diz que “lamenta o ocorrido e informa que abriu um procedimento interno de apuração para verificar todas as circunstâncias que envolveram este atendimento. Após sua conclusão, a direção do órgão irá adotar as medidas cabíveis”. A Uber não se manifestou sobre o caso até a publicação da reportagem.
O vereador Eduardo Suplicy (PT) convidou a família para um encontro na Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira (11).
Fonte: Veja