PUBLICADO EM 28 de dez de 2017

Entidades afirmam que Temer faz ‘terrorismo’ com reforma da previdência

Para sindicalista, presidente está governando ‘com uma faca no pescoço’

Foto: Pillar Pedreira / Agência Senado

A fala do presidente Michel Temer (PMDB) de que se não for aprovada a reforma da Previdência, será necessário cortar pensões e salários de servidores, repercutiu mal entre entidades que representam trabalhadores e aposentados. A afirmação foi feita em entrevista exclusiva ao jornalista Domingos Fraga, do R7.

Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves,  o Juruna , Temer está usando de “todos os meios necessários para ter vitória” na votação da reforma. Ele classifica a fala do presidente como “terrorismo”.

Juruna, secretário geral da Força Sindical

— Não se governa com ameaça ou com uma faca no pescoço. O debate sobre a reforma da Previdência seria muito melhor para o nosso País. Fazer uma reforma às vésperas da eleição presidencial não faz bem à sociedade, porque essa discussão certamente virá nos programas dos candidatos.

Para Guilherme Portanova, assessor previdenciário da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos, a declaração do presidente Michel Temer é uma chantagem terrorista.

— Todas as declarações do presidente são lamentáveis. Neste caso, é uma chantagem terrorista, ele pressiona os governadores, chantageia a sociedade usando o tom de ‘ou faz ou vou acabar com tudo’, para que os deputados aprovem essa suposta reforma. Não considero reforma, mas sim a privatização da previdência. Ele vendeu a alma para as grandes instituições bancárias. Quer acabar com a Previdência Social para as pessoas terem de recorrer à Previdência Privada, lucro certo para os bancos.

A reforma da Previdência é o primeiro item das prioridades do governo em 2018. A ideia do Planalto é aprovar o texto na Câmara logo após a volta do recesso do Legislativo, ainda em fevereiro.

Confira manifestação dos aposentados dia 24 de janeiro de 2017

Nesta semana, uma declaração do ministro-chefe da Secretaria de Governo também repercutiu mal entre a classe política. Carlos Marun condicionou a liberação de recursos federais e financiamentos públicos a políticos que apoiarem a reforma.

Em uma carta aberta, governadores do Nordeste reagiram.

“Protestamos publicamente contra essa declaração e contra essa possibilidade, e não hesitaremos em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme”, diz um trecho do documento.

Tática do medo

O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini, disse ao R7 que o presidente Michel Temer tenta impor a tática do medo na população ao afirmar que as pensões e os vencimentos dos servidores públicos serão cortados se a reforma da Previdência não for aprovada. Para Zarattini, toda vez que o presidente cria o terror a rejeição às mudanças nas regras das aposentadorias aumenta. O petista também afirma que o presidente fala em combater os privilégios, mas até agora não fez nada em relação aos benefícios da classe privilegiada do funcionalismo público.

— O próprio Temer, que se aposentou aos 55 anos, recebe como R$ 45 mil de benefício como procurador em São Paulo e não mexe na aposentadoria de quem ganha R$ 60 mil.

Fonte: R7

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