É enorme a quantidade de pessoas que ainda recorrem aos serviços de saúde pública para se tratar de sequelas físicas e emocionais decorrentes da pandemia de covid.
Muitos apresentam distúrbios fisiológicos em vários órgãos, principalmente no sistema respiratório, mas também na alma, por mortes de parentes ou amigos.
Há também os que perderam emprego ou outras formas de ganhar a vida. E que por isso entraram até em depressão, além de acometidos por doenças psicológicas e psiquiátricas.
Esgotamento generalizado
O primeiro atendimento a essas pessoas, nas unidades básicas de saúde (ubs), é feito pelos profissionais de enfermagem, que depois as encaminham aos médicos especialistas ou clínicos gerais.
Apesar do profissionalismo, pelo qual procuram não se envolver pessoalmente com os problemas dos pacientes, o pessoal da enfermagem acaba sofrendo um esgotamento generalizado.
Além das questões relacionadas à covid, a categoria exerce atividade insalubre e perigosa, sempre em contato com sangue, fezes, urina e outras excreções.
Desgaste de energia
Há também as atividades muitas vezes invasivas, com utilização de bisturis e outras ferramentas da medicina de pronto atendimento, que desgastam as energias dos profissionais.
O raciocínio é da enfermeira Elenice Gil, da comissão municipal de luta pelas 30 horas na prefeitura de Santos. Para ela, os gestores de saúde deveriam de vez em quando passar um dia nesses locais de trabalho.
“Assim, eles veriam que a nossa luta pela diminuição da jornada de trabalho para 30 horas semanais tem sentido”, disse ela em programa ao vivo do Sindest, na noite de segunda-feira (22).
Audiência na câmara
Sindest é o sindicato dos 11 mil servidores estatutários e 7 mil aposentados da prefeitura de Santos. A vereadora Telma de Souza (PT) também participou da ‘live’ pelo Facebook, Youtube e Instagram.
Ela anunciou a segunda audiência pública sobre as 30 horas da enfermagem na rede municipal de saúde que convocou para 31 de maio, às 18 horas, na câmara municipal.
Telma disse que conversou sobre o assunto com o prefeito Rogério Santos (PSDB), em recente evento na Unifesp, e que ele demonstrou interesse em implantar a jornada de seis horas diárias.
Imediata experiência
Elenice propôs que a prefeitura inicie o processo de implantação da jornada reivindicada, como experiência imediata, pelo menos numa ‘ubs’, com assistência do conselho regional de enfermagem (Corem).
A vereadora, por sua vez, lembrou que há um déficit de 122 profissionais na enfermagem e que a prefeitura deveria resolver o problema por meio de concursos públicos.
“Precisamos de equipes completas”, reforçou Elenice. “E também de reservas técnicas”. No início da ‘live’, ela fez questão de dizer que a comissão é apartidária e apenas luta pela categoria.
Permanente aperfeiçoamento
Segundo ela, a jornada de 30 horas é adotada no serviço público estadual paulista e nas cidades de São Paulo, Cubatão e Campinas, entre outras, enquanto aguarda regulamentação de lei federal.
A enfermeira ponderou que a profissão exige melhores salários e redução de jornada pela necessidade de permanente aperfeiçoamento técnico e científico.
Os diretores do Sindest Daniel Gomes, Rogério Catarino e o mediador da ‘live’, jornalista Willian Ribeiro, concordaram com todas as colocações de Elenice e Telma.