PUBLICADO EM 16 de jul de 2020

522,7 mil empresas encerram atividades durante pandemia, aponta IBGE

Entre 1,3 milhão de empresas que na primeira quinzena de junho estavam com atividades encerradas temporária ou definitivamente, 39,4% apontaram como causa as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Esse impacto no encerramento de companhias foi disseminado em todos os setores da economia, chegando a 40,9% entre as empresas do comércio, 39,4% dos serviços, 37,0% da construção e 35,1% da indústria.

Comércio fechado na rua 25 de Março durante a quarentena. Foto Rovena Rosa/Agência Brasil

Segundo pesquisa Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, do IBGE divulgada nesta quinta (16), das 1,3 milhão de empresas que estavam fechadas (temporária ou definitivamente) na primeira quinzena de junho, 522,7 mil (39,4%) encerraram suas atividades por causa da pandemia, sendo que 518,4 mil (99,2%) eram de pequeno porte (até 49 empregados), 4,1 mil (0,8%) de porte intermediário (de 50 a 499 empregados) e 110 (0%) de grande porte (mais de 500 empregados). Ainda entre as empresas encerradas por causa da pandemia, 258,5 mil (49,5%) delas eram do setor de Serviços, 192,0 mil (36,7%) do Comércio, 38,4 mil (7,4%) da Construção e 33,7 mil (6,4%) da Indústria.

Na primeira quinzena de junho, estima-se que o país tinha 4,0 milhões de empresas, sendo 2,7 milhões (67,4%) em funcionamento total ou parcial, 610,3 mil (15,0%) fechadas temporariamente e 716,4 mil (17,6%) encerradas em definitivo. Entre as que estavam com atividades encerradas definitivamente, independente de motivo, as de menor porte (715,1 mil ou 99,8%) foram as mais atingidas, enquanto 0,2% (1,2 mil) eram intermediárias e nenhuma era de grande porte. Já nos setores, o de Serviços (46,7% ou 334,3 mil) teve a maior proporção de empresas encerradas em definitivo, seguido por Comércio (36,5% ou 261,6 mil), Construção (9,6% ou 68,7 mil) e Indústria (7,2% ou 51,7 mil).

Do total de empresas em funcionamento, 70,0% informaram que a pandemia teve impacto negativo, 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente e 13,6% disseram que o impacto foi positivo. Os efeitos negativos foram percebidos por 70,1% das empresas de pequeno porte, 66,1% das intermediárias e 69,7% das de grande porte. Entre os setores, essa percepção negativa foi de 74,4% entre as empresas de Serviços, 72,9% da Indústria, 72,6% da Construção e 65,3% de Comércio.

A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por sete em cada dez empresas em funcionamento (70,7%) na primeira quinzena de junho em relação a março, quando começaram as medidas de isolamento para combater o novo coronavírus. Já 17,9% disseram que o efeito foi pequeno ou inexistente e 10,6% afirmaram aumento nas vendas com a pandemia. A queda nas vendas foi sentida por 70,9% das companhias de pequeno porte, 62,9% das intermediárias e 58,7% das de grande porte. Para os setores, o recuo nas vendas foi sinalizado por 73,1% das empresas de Construção, 71,9% de Serviços, 70,8% de Comércio e 65,3% da Indústria.

Em relação à produção, 63,0% das companhias tiveram dificuldade de fabricar produtos ou atender clientes, 29,9% relataram não haver alteração significativa e 6,9% tiveram facilidade. Já 60,8% encontraram dificuldades de acesso aos fornecedores, 30,2% informaram não haver alteração significativa e 5,7% encontraram facilidade. Enquanto 63,7% tiveram dificuldades para realizar pagamentos de rotina, para 33,1% não houve alteração significativa e 2,3% encontraram facilidade.

Estima-se que 1,2 milhão (44,5%) das empresas em funcionamento adiaram o pagamento de impostos desde início de março, sendo que mais da metade (51,9%) considerou ter recebido apoio do governo na adoção dessa medida. Aproximadamente 347,7 mil (12,7%) empresas conseguiram crédito emergencial para pagamento da folha salarial desde o início da pandemia. Desse total, quase sete em cada dez (67,7%) consideraram ter tido apoio do governo na adoção dessa medida.

Cerca de 32,9% das organizações alteraram o método de entrega de seus produtos ou serviços, incluindo a mudança para serviços online, e 20,1% lançaram ou passaram a comercializar novos produtos e/ou serviços desde o início da pandemia.

Quanto ao pessoal ocupado, pouco mais de seis em cada dez empresas em funcionamento (61,2%) mantiveram o número de funcionários em comparação ao início de março, porém 34,6% indicaram redução no quadro e 3,8% aumentaram o número de empregados. Já entre as 948,8 mil empresas que reduziram a quantidade de empregados, 37,6% diminuíram em até 25% seu pessoal, 32,4% entre 26% e a metade (50%) e 29,7% encolheram seu quadro em mais da metade (acima de 50%).

Entre as demais medidas adotadas pelas empresas, nove em cada dez empresas (91,1%) realizaram campanhas de informação e prevenção e adotaram medidas extras de higiene nas suas atividades. Observa-se também que 38,4% implementaram trabalho domiciliar (teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância) e 35,6% anteciparam férias dos funcionários. Já três em cada dez (32,4%) adotaram pelo menos uma medida em relação aos impactos da Covid-19 com apoio do governo.

O segmento que mais fechou empresas foi o de Serviços (74,4%), seguido por Indústria (72,9%), Construção (72,6%) e Comércio 65,3%. “Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias, onde se incluem atividades como as de bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção”, explica Alessandro Pinheiro, Coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.

Fonte: IBGE

COLUNISTAS

QUENTINHAS