De acordo com estudo da FGV Projetos, obtido e divulgado pelo jornal Valor Econômico, enquanto avançou fortemente no Sudeste, acima da média nacional, a informalidade perdeu peso no estoque total de empregados no Norte, por exemplo; segundo o levantamento, o Sudeste gerou um milhão de empregos informais entre o fim de 2016 e o terceiro trimestre do ano passado; número de trabalhadores sem carteira ou registro na região aumentou em 8% no Sudeste, para 14 milhões; movimento em direção à informalidade no Sudeste foi liderado por ramos dos serviços, que absorveram 497 mil trabalhadores; já os setores de construção civil (192 mil) e indústria (112 mil) tiveram o maior crescimento proporcional de informais no Sudeste ao longo do período, diz economista da FGV Projetos
Motor da geração do emprego no país no ano passado, o trabalho informal – sem carteira assinada ou sem registro de pessoa jurídica – cresceu em ritmos díspares nas diferentes regiões.
De acordo com estudo da FGV Projetos, obtido pelo Valor, enquanto avançou fortemente no Sudeste, acima da média nacional, a informalidade perdeu peso no estoque total de empregados no Norte, por exemplo.
Segundo o levantamento, o Sudeste gerou um milhão de empregos informais entre o fim de 2016 e o terceiro trimestre do ano passado. Isso significa que dois em cada três empregos informais surgidos no país no período (1,46 milhão) estão na região. O número de trabalhadores sem carteira ou registro na região aumentou em 8% no Sudeste, para 14 milhões, representando 38% do total nacional.
Ricardo Simonsen, economista da FGV Projetos, explica que o movimento em direção à informalidade no Sudeste foi liderado por ramos dos serviços, que absorveram 497 mil trabalhadores. Já os setores de construção civil (192 mil) e indústria (112 mil) tiveram o maior crescimento proporcional de informais no Sudeste ao longo do período.
“A confiança dos empresários ainda não foi completamente restaurada na recuperação econômica. Então, eles não contratam. Desta forma, é natural que o emprego apareça agora mais fortemente pela informalidade”, diz Simonsen, que desenvolveu a pesquisa com os especialistas de projetos Eduardo Rosseti e João Augusto Batista.
Assim, o emprego sem registro passou a representar fatia maior do mercado de trabalho do Sudeste – e 32,2% para 34,3% entre o fim de 2016 e o terceiro trimestre de 2017. O peso cresceu menos no Sul (de 32,1% para 33,3%), Centro-Oeste (de 36,6% para 37,5%) e Nordeste (de 53,5% para 53,8%). No Norte, caiu de 56,4% para 55,6%. Na média nacional, 40,6% dos trabalhadores eram informais, acima dos 39,4% do fim de 2016.
O trabalho informal é associado a atividades precárias, sem garantias trabalhistas e de menores salários. Na média nacional, um trabalhador registrado ganha 2,3 vezes mais que o sem carteira. Isso explica uma discrepância encontrada pela pequisa da FGV – embora represente 40,6% das pessoas ocupadas, a informalidade responde por apenas 23,2% da massa salarial, que foi de R$ 188,14 bilhões no terceiro trimestre do ano passado. Para chegar aos números, a FGV Projetos usou microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua).
As regiões Norte e Nordeste seguem com os maiores proporções de trabalhadores informais no país. Segundo Rosseti, isso é explicado por questões estruturais na região, como o histórico de baixa escolaridade, defasagem industrial, agricultura pouco profissionalizada e concentração de jovens, que mais frequentemente se insere no mercado por meio de atividades informais.
O estudo mostra ainda que as atividades de agropecuária e construção civil têm elevada incidência de ocupações informais, na média nacional. Do total de ocupados (empregados, empregadores, conta próprias), 79% são informais na agropecuária, 69% na construção civil, 53,5% em serviços, 38,1% no comércio e 29,3% na indústria.
“Mas essas taxas variam pelas regiões. No Centro-Oeste, a informalidade é de 54,9% na agricultura, o menor percentual entre as regiões. Isso porque tem uma atividade mecanizada e não familiar. No Sul, a informalidade chega a 81,4% no setor. Apesar disso, muito agricultores do Sul são associados a cooperativas. Isso é interessante porque, embora informais, uma parcela considerável é contribuinte da Previdência Social”, afirma Rosseti.
FONTE: Valor Econômico