Entre 2014 e 2018, o número de pessoal diretamente ocupado neste ramo de atividade, englobando trabalhadores formais e informais, sofreu um recuo de 14,4%, a maior taxa entre todas as áreas analisadas no levantamento. Em números absolutos, os empregos na construção civil, em quatro anos, caíram de 7,8 milhões para 6,7 milhões, passando a responder por 7,3% de toda a mão de obra do País, taxa que era de 8,5% em 2014.
A situação é pior tomando o número de vagas com carteira assinada no setor, que despencou nada menos do que 34% no período considerado, acarretando a perda de 1,17 milhão de postos de trabalho. De acordo com dados da Pnad, analisados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e pelo Sindicato da Indústria de Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a retração foi maior no subsetor imobiliário (eliminação de 42,9% de vagas), seguido por obras de acabamento (35,5% menos empregos), preparação de terrenos (menos 33,7%) e infraestrutura (33,1%).
Foi uma “tempestade perfeita”, como afirmou a economista Ana Maria Castelo. De uma parte, a demanda por casa própria se retraiu fortemente com a queda dos níveis de renda da população e escassez de crédito, o que se refletiu também na encomenda de reformas residenciais e outros pequenos serviços. De outra parte, a construção pesada se desacelerou abruptamente com o desequilíbrio fiscal do setor público e a situação crítica em que se encontram grandes empreiteiras objeto de processos contra a corrupção.
Cabe lembrar que uma retração tão acentuada da atividade-fim repercutiu sobre a área de material de construção, afetando seriamente amplos setores da indústria.
Para este ano, a expectativa é de uma retomada, ainda que moderada. O melhor ambiente de negócios, proporcionado pela nova política econômica, pode desencadear um novo ciclo de investimentos não só no setor imobiliário, como na infraestrutura. Seja como for, a criação de vagas na construção civil deve ser ainda tímida.
Fonte: O Estado de S.Paulo