PUBLICADO EM 07 de out de 2020
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Em live, Ricardo Patah fala sobre o futuro do trabalho e do movimento sindical

Na segunda-feira, 5, Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), participou de uma live a convite do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e professor do Centro Universitário IESB, Douglas Alencar Rodrigues.

O tema do encontro foi “O futuro das relações de trabalho no Brasil: entre a modernização, a disrupção e a distopia”.

Patah chamou a atenção dos espectadores para as tentativas do governo de exterminar o movimento sindical desde a reforma trabalhista, em 2017. “Prometeram empregos e o desemprego só cresce, atingindo hoje mais de 13 milhões de pessoas. Editaram uma Medida Provisória, a 873, que previa autorização individual obrigatória do trabalhador e pagamento da contribuição sindical via boleto bancário, algo que está cada vez mais em desuso, mas a MP caducou.”

O presidente da UGT explicou que a central busca sensibilizar os trabalhadores a se filiarem aos sindicatos, não apenas pela luta dessas entidades pelos direitos trabalhistas e sociais dos cidadãos, mas também pelos serviços que elas prestam – com ambulatórios de saúde, colônias de férias, departamentos jurídicos, assessorias previdenciárias, entre outros.

Nesse sentido, Ricardo frisou a falta de obrigatoriedade de as homologações serem feitas pelos sindicatos: “Essa é uma das medidas impostas pelo governo que mais prejudica o trabalhador. Ele precisa de uma entidade que o represente, que confira direitos e valores a serem recebidos”.

Ainda em relação ao governo, o dirigente sindical afirmou que o Poder Judiciário é o que tem se mostrado mais sensível às questões humanas, como saúde, emprego e meio ambiente.

Ele acredita que é preciso haver um reacerto do governo com o movimento sindical, uma vez que este é peça fundamental no pilar da democracia.

Sobre a disrupção e as mudanças trazidas pela pandemia às relações de trabalho, Patah declarou que são alterações que já vinham acontecendo, em razão da Revolução 4.0, mas foram acentuadas nesse período. “O e-commerce veio para ficar. Já estava acontecendo, mas acabou crescendo, em seis meses, o que cresceria em seis anos. O home office também permanecerá em muitas áreas. Por isso, é fundamental que esse tipo de trabalho seja regulamentado, para que não vire uma atividade análoga à escravidão”.

Outro setor que cresceu demais durante a pandemia foi o de motofretistas, especialmente os que trabalham para aplicativos de entrega. “Nós tivemos que brigar pelo direito desses trabalhadores à segurança, proteção e jornada.”

Por todas essas mudanças e as que ainda virão, o presidente da UGT acredita que o Brasil precisa de um movimento sindical capacitado, qualificado e modernizado.

“Temos que lutar pelos direitos dos trabalhadores, mas, hoje, principalmente, pela inclusão social e pela qualificação profissional”, diz Patah, que acredita que a capacitação dos trabalhadores seja o melhor caminho para acabar com o desemprego.

De acordo com o dirigente, “hoje, você não consegue trabalhar como caixa de um supermercado se não souber mexer em um computador. Então, vamos qualificar os trabalhadores para que aprendam a usar as máquinas”.

Sobre essa necessidade, Patah contou que a UGT, em parceria com o Governo de São Paulo e a participação de sindicatos, está realizando este mês o primeiro mutirão de emprego virtual. “Até o momento, há 173 empresas cadastradas, 12 mil vagas oferecidas e 275 mil currículos inscritos. E o mais importante: os candidatos podem se inscrever para participar gratuitamente de cursos de qualificação nas áreas de gestão de negócios, finanças, planejamento empresarial, tecnologia, idiomas, telemarketing, técnica de vendas, entre outras. Isso é capacitação para inclusão social!”

Ao abordar a distopia, Patah chama a atenção para o fato de, hoje, seis pessoas terem uma fortuna equivalente ao dinheiro de 100 milhões de brasileiros. “Não tenho nada contra a riqueza, mas é preciso haver uma melhor distribuição de renda. A UGT é uma central reformista, desde que as reformas, sejam elas administrativas, tributárias ou o que for, tenham como finalidade a igualdade e a justiça social. É preciso cuidar do mundo de hoje para encontrá-lo melhor amanhã e isso inclui gerar emprego, renda, dignidade, cuidar do meio ambiente, tomar decisões sustentáveis.”

Fonte: UGT

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