Em todo país, o 11 de agosto será marcado por mobilizações em defesa da democracia. Movimentos sociais e estudantil, centrais sindicais que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo vão ocupar as ruas em resposta à escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro. Até o momento, ao menos 21 capitais já têm atos confirmados. As organizações que integram a campanha “Fora, Bolsonaro” decidiram unificar a data das manifestações de rua com a dos atos pela democracia que ocorrerão na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
O evento começa com a leitura do manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça, de iniciativa da Fiesp e subscrito pelas centrais sindicais e diversas entidades da sociedade civil. Na sequência, ex-alunos do Largo do São Francisco farão a leitura da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito. O documento já conta com mais de 800 mil assinaturas.
Tanto os documentos como as manifestações do 11 de agosto procuram desarmar as pretensões do atual presidente de não reconhecer eventual derrota nas eleições de outubro. Há cerca de um mês, ele convocou uma reunião com embaixadores para tentar desacreditar, perante o mundo, o sistema eleitoral brasileiro. De lá para cá, uma parte dos militares continua a levantar dúvidas infundadas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas.
Além disso, Bolsonaro insufla seus apoiadores a atacar as instituições e a democracia em atos do 7 de setembro. Ele tentou, até mesmo, transferir para a praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, o tradicional desfile de tropas e blindados em comemoração ao Dia da Independência, transformando a cerimônia cívica em manifestação de apoio ao seu próprio governo.
Estudantes
As mobilizações também marcam o Dia do Estudante, com protestos contra os cortes na Educação durante o governo Bolsonaro. Com o mais recente contingenciamento das verbas do Ministério da Educação, 17 universidades pelo país correm o risco de ter de parar suas atividades.
“É menos dinheiro transferido para a educação e mais dinheiro para luxos, cartões coorporativos e viagens. #BolsonaroNãoTrabalha e está definitivamente acabando com o nosso país”, tuitou a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz.
Para ela, o atual presidente “tem medo de ir para a cadeia”, por isso ameaça a democracia e questiona o processo eleitoral. Nesse sentido, ela destaca que a UNE sempre esteve na “linha de frente” em defesa do regime democrático. “Não é agora que vamos baixar a guarda para esses fascistas.”
Contra a fome, o desemprego e a violência política
Josué Rocha, coordenador do MTST e integrante da campanha “Fora, Bolsonaro” destaca que, além das ameaças políticas, os manifestantes também vão denunciar a crise social que afeta a maioria da população. “Iremos às ruas em defesa da democracia, de eleições livres, mas também contra a violência política, e para denunciar a fome e o desemprego”.
Levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) mostra que, em apenas um ano, o número de brasileiros sem ter o que comer saltou de 19 milhões para 33,1 milhões. O desemprego, por outro lado, vem reduzindo nos últimos meses. Mas, ao mesmo tempo, a renda cai e a informalidade é recorde. O rendimento médio do trabalhador caiu 5,1% em 12 meses. No mesmo período, o preço da cesta básica aumentou até 26,46%.
Recado ao “capitão”
“Bolsonaro insiste em praticar atos antidemocráticos, querendo usar as Forças Armadas para mostrar poder, já que não tem apoio popular”, afirmou, ao Portal da CUT, o secretário-adjunto de Mobilização da central, Milton dos Santos Rezende, o Miltinho. “Por isso precisamos ir às ruas e por meio das manifestações fazer a disputa política dentro das regras que a própria democracia estabelece”, acrescentou.
O dirigente destaca o risco que Bolsonaro representa à democracia brasileira. Essas investidas golpistas, segundo ele, agravam ainda mais a situação econômica do país. “Temos um insano no poder que não aceita as regras e que quer impor as suas condições. Isso traz instabilidade política e econômica ao país. Nenhum investidor vai querer investir em um país em uma situação como está o Brasil”, afirmou.
Nesse sentido, a preocupação com os rumos da democracia brasileira deve ser de toda a sociedade. Assim, Miltinho destaca a importância da Carta aos brasileiros e do manifesto de empresários e trabalhadores, como exemplos de iniciativas plurais, que aglutinam o apoio de diferentes setores organizados, além de inúmeras personalidades de diversas áreas.
Os atos pela democracia no 11 de agosto:
Alagoas
Maceió – Praça do Centenário, 8h
Amazonas
Manaus – Praça da Saudade, às 15h
Bahia
Salvador – Praça do Campo Grande, às 9h
Ceará
Fortaleza – Praça da Bandeira, às 9h; Gentilândia, às 16h; e Casa do Estudante, às 19h
Distrito Federal
Brasília – Às 15h, ato no Congresso Nacional.
Espírito Santo
Vitória – Praça Costa Pereira, 10h
Goiás
Goiânia – Praça Universitária, às 17h
Maranhão
São Luís – Praça Deodoro, às 16h
Minas Gerais
Belo Horizonte – Praça Afonso Arinos, às 17h
Mato Grosso do Sul
Campo Grande – Câmara Municipal, às 10h
Paraíba
João Pessoa – Lyceu Paraibano, às 14h
Paraná
Curitiba – Praça Santos Andrade, às 15h30
Pernambuco
Recife – Rua da Aurora, às 15h
Pará
Belém – Mercado São Braz, às 17h
Piauí
Teresina – Praça Rio Branco, às 8h30
Rio de Janeiro
Centro da capital – Candelária, às 16h
Rio Grande do Norte
Natal – Midway Mall, às 14h30
Rio Grande do Sul
Porto Alegre – Colégio Júlio de Castilhos, às 8h
Santa Catarina
Florianópolis – Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, 10h
São Paulo
No centro da capital, às 11h, será lida a Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, na Faculdade de Direito da USP. Às 9h e às 17h, atos de massa serão realizados em frente ao Masp, na Avenida Paulista
Ribeirão Preto – Faculdade de Direito, às 10h; e Esplanada do Teatro Pedro II, às 17h
Santos – Praça dos Andradas, às 10h
Sergipe
Aracaju- Praça Getúlio Vargas, Bairro São José, às 15h
Fonte: Rede Brasil Atual