“Tem algumas candidaturas avulsas que vão tirar muitos votos e tem as candidaturas do PSol [Luiza Erundina] e do Novo [Marcel van Hatten] que, somadas, podem levar a uma retirada da disputa de algo em torno de 70 votos, o que levaria necessariamente para o segundo turno”, prevê Queiroz, diretor licenciado do DIAP e sócio-diretor das empresas Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais.
Mesmo que não leve em primeiro turno, o analista vê o bolsonarista Arthur Lira em vantagem. Os parlamentares vão votar na próxima segunda-feira (1°). “O fato é que o Lira tem hoje um bloco de partidos que dá à chapa dele vantagem em relação à do Rossi [candidato de Rodrigo Maia e apoiado por um bloco de partidos de oposição]”, disse. Para o analista, Rodrigo Maia demorou a lançar um candidato, o que acabou prejudicando Baleia Rossi.
“O Rodrigo deixou para muito tarde, adiou muito a escolha do candidato. Ficou esperando aquela decisão do Supremo [sobre a possibilidade de reeleição na Câmara e no Senado]. Nesse intervalo, o Lira, que já era candidato, deve ter tido conversas com parlamentares 2 ou 3 vezes. E o fato de o Lira ser nordestino o favorece, porque historicamente, o Nordeste tem sido excluído. Há um sentimento de solidariedade entre os que são dessa região”, comenta Antônio Augusto de Queiroz.
Apesar disso, ele acredita que ainda há espaço para Baleia Rossi virar o jogo e defende a pressão popular sobre parlamentares para que isso ocorra.
Com uma plataforma pela independência da Câmara, Baleia Rossi conseguiu reunir em seu bloco 5 dos 6 partidos de oposição. É apoiado pelo PCdoB, PT, PSB, PDT e Rede Sustentabilidade. “São 2 candidaturas postas. Uma que representa a defesa do bolsonarismo, do governo Bolsonaro e sua pauta, e, portanto, representa esse ideário antidemocrático e autoritário, e outra que tem uma pauta voltada para a independência da Casa”, diz Queiroz.
Ele falou ainda sobre a questão do impeachment, que voltou à pauta política no início deste ano em razão do atraso na vacinação dos brasileiros e do caos na saúde em Manaus. Baleia Rossi se comprometeu a analisar os pedidos de afastamento de Jair Bolsonaro protocolados na Câmara, conforme declarou em entrevista ao programa Roda Viva nesta segunda (25). Com Arthur Lira, avalia Queiroz, uma eventual abertura de impeachment só aconteceria em último caso.
“O Lira é a segurança de que só entra um processo de impeachment em última hipótese. Isso só vai acontecer na gestão do Lira depois que ele ocupar praticamente todo o governo. Vai ser absolutamente base fisiológica. Na hipótese de um candidato alinhado a Bolsonaro, a ideia é priorizar as pautas retrógradas do governo e excluir completamente oposição e as minorias de qualquer espaço de diálogo e de deliberação. Esse é o significado dessa disputa”, afirmou o analista.
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