PUBLICADO EM 12 de dez de 2025

DIEESE celebra 70 anos com seminário sobre renda e desigualdade

Em seus 70 anos, DIEESE reafirma seu papel fundamental na produção de conhecimento para reduzir desigualdades e melhorar condições trabalhistas.

O DIEESE celebra 70 anos com o Seminário Internacional que discute a disputa de renda e a redução das desigualdades sociais.

O DIEESE celebra 70 anos com o Seminário Internacional que discute a disputa de renda e a redução das desigualdades sociais.

Nos dias 11 e 12 de dezembro, o DIEESE realizou, em São Paulo, o Seminário Internacional “Disputar a Renda, Reduzir Desigualdades”.

O evento integrou as comemorações pelos 70 anos da entidade e reafirmou o papel do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos como referência na produção de conhecimento técnico qualificado, capaz de orientar sindicatos, gestores públicos e a sociedade civil em decisões estratégicas que impactam diretamente a vida da classe trabalhadora.

Um comerciário na presidência do DIEESE

José Gonzaga Cruz, primeiro comerciário a presidir o Dieese

José Gonzaga Cruz, primeiro comerciário a presidir o Dieese

Atualmente, o DIEESE é presidido por José Gonzaga da Cruz, vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo — o primeiro dirigente da categoria a assumir a presidência do Instituto. Em seu discurso de abertura, Gonzaga agradeceu a presença de sindicalistas, parlamentares e trabalhadores que ajudaram a construir a história da entidade ao longo de sete décadas.

Segundo ele, o DIEESE

“foi construído há 70 anos com o amor de cada companheiro e companheira e hoje é a entidade que pode assessorar — e assessorar bem — o movimento sindical”.

Gonzaga também destacou o compromisso com a continuidade do trabalho da instituição:

“Presidir o Dieese me enche verdadeiramente do dever de ajudar a seguir uma instituição sólida, que trabalha para o movimento sindical”.

As falas reforçaram a essência coletiva do DIEESE, criado para fornecer instrumentos técnicos às lutas trabalhistas e contribuir para o debate público sobre desenvolvimento, renda e direitos.

Debates sobre o futuro do trabalho

Ao longo dos dois dias, o seminário promoveu mesas de discussão sobre temas centrais para o futuro das relações de trabalho, entre eles:

  • o crescimento das desigualdades globais;
  • o acesso à renda;
  • os impactos das transformações tecnológicas;
  • e as possibilidades de construção de políticas públicas que valorizem o trabalho.

Representantes de diferentes áreas apresentaram análises qualificadas sobre os desafios de um cenário marcado pela crescente concentração de riqueza e pela necessidade de fortalecer mecanismos de proteção social e redistribuição de renda.

Unidade sindical em destaque

A mesa final do seminário reforçou o caráter simbólico e político da data. Participaram:

  • Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT);
  • Sérgio Luiz Leite, vice-presidente da Força Sindical;
  • Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB);
  • Nilza Almeida, secretária-geral da Intersindical;
  • Sônia Zerino, presidente da NCST;
  • Adilson Araújo, presidente da CTB;
  • Juvandia Moreira, vice-presidente da CUT;
  • Luiz Carlos Prates (CSP-Conlutas);
  • Lilian Olívia Fernandes (Pública);
  • José Gozze (Pública) e;
  • Francisco Macena (Ministério do Trabalho e Emprego).

A mesa teve mediação do diretor adjunto do Dieese, Victor Pagani.

As centrais destacaram:

  • a trajetória histórica do DIEESE e seu papel fundamental na sustentação técnica das lutas salariais, das negociações coletivas e das políticas de valorização do trabalho;
  • a necessidade de fortalecer o movimento sindical diante das mudanças no mundo do trabalho;
  • a defesa da negociação coletiva como pilar para a construção de renda, direitos e proteção laboral.

Sergio Luiz Leite, Serginho, presidente da FEQUIMFAR e vice-presidente da Força Sindical, disse:

“Celebrar os 70 anos do Dieese é reconhecer o papel fundamental da instituição na produção de dados, análises e conhecimento que fortalecem a luta sindical e orientam a construção de políticas públicas voltadas à distribuição de renda e à redução das desigualdades no Brasil”, disse Serginho.

Os 70 anos do DIEESE: trajetória, resistência e compromisso

A diretora técnica do DIEESE, Adriana Marcolino, ressaltou momentos decisivos da história da instituição.

“O Dieese completa 70 anos agora, em 22 de dezembro. Criado em 1955 por 18 sindicatos, o departamento nasceu diante de um desafio central: disputar a renda exigia disputar também a verdade sobre o custo de vida”, afirmou.

Ela destacou ainda os períodos de resistência durante a ditadura militar, a denúncia da manipulação de 1973 e o cálculo das perdas salariais em 1977, a criação de sistemas pioneiros e a consolidação da Escola DIEESE de Ciências do Trabalho, que obteve nota máxima nas avaliações do MEC. Adriana concluiu enfatizando que:

“o Dieese segue onde a classe trabalhadora está”.

Em tom bem-humorado, citou uma frase atribuída ao ex-ministro Antonio Rogério Magri:

“Vamos fortalecer o Dieese — que o Dieese seja ‘imorrível’”.

Homenagens

Durante o ato comemorativo, os ex-diretores técnicos Clemente Ganz Lúcio e Fausto Augusto Jr. revisitaram momentos marcantes da trajetória do DIEESE e prestaram homenagem ao economista Walter Barelli, ex-diretor técnico da entidade, falecido em 2019. A homenagem foi recebida por sua filha, a jornalista Suzana Barelli.

Na ocasião, foi anunciado que o auditório da Escola DIEESE de Ciências do Trabalho passará a levar o nome de Walter Barelli, em reconhecimento à sua liderança, ética e contribuição histórica para a instituição.

Clemente recordou sua entrada no DIEESE, em 1984, e ressaltou que a trajetória do Departamento sempre foi marcada pela unidade do movimento sindical, construída “a partir do pacto de unidade de 1955”. Ele destacou o papel decisivo de Barelli nas transformações estruturais do DIEESE nas décadas de 1970 e 1980, período de consolidação metodológica e ampliação do alcance da entidade.

Fausto Augusto Jr. relembrou episódios de resistência durante a ditadura militar, quando Walter e Lurdinha Barelli contribuíram para reativar espaços de formação sindical. Citou ainda momentos recentes, como a atuação do DIEESE na contestação de distorções durante a Operação Lava Jato, e homenageou as primeiras diretoras técnicas que dirigiram a entidade na década de 1960, Lenina Pomeranz e Heloísa de Souza Martins.

Lenina e Heloísa já foram homenageadas com o Troféu José Martinez do Dia da Luta Operária.

O ativista dos direitos humanos, Adriano Diogo, e o deputado Antônio Donato entregam o Troféu José Martinez para a ex-diretora técnica do Dieese, Lenina Pomeranz, em 2021.

O ativista dos direitos humanos, Adriano Diogo, e o deputado Antônio Donato entregam o Troféu José Martinez para a ex-diretora técnica do Dieese, Lenina Pomeranz, em 2021.

O ato final também homenageou todos os ex-diretores técnicos do DIEESE, reconhecendo décadas de dedicação à produção de conhecimento rigoroso e ao compromisso público com a classe trabalhadora.

Leia também:

Metalúrgicos de São Paulo: Contribuição para a História

Banner


COLUNISTAS

QUENTINHAS