A escalada autoritária foi destacada especialmente pelo líder do PSB, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que condenou a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, nos atos. “É estarrecedor que o presidente insista nessa escalada autoritária contra os Poderes constituídos, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), cobrou a unificação dos pedidos de impeachment e a análise desses pedidos pelo Congresso. Para ela, Bolsonaro decidiu “liderar uma trupe da extrema-direita, e não liderar o País”.
“Se as vozes democráticas não derem uma resposta à altura, Bolsonaro vai seguir recrudescendo a extrema-direita e vai tentar avançar sobre as liberdades democráticas. É o momento mais duro da nossa história, mas é o momento em que é mais necessário que Bolsonaro seja derrotado”, disse Melchionna.
O deputado Fábio Trad (PSD-MS) destacou que há diferença entre os protestos democráticos e os criminosos. “Protestar legitimamente contra uma decisão no seu mérito ou na sua forma, isto sim é civilidade, isto sim é urbanidade, desde que respeitados os limites estabelecidos por lei. Mas pregar o fechamento do órgão, sob o pretexto de discordar desta ou daquela decisão, é ato criminoso”, afirmou.
Para a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), notas de repúdio já não servem para fazer frente aos atos realizados desde o início de março contrários às instituições democráticas. “Bolsonaro participa de atos pró-ditadura, desrespeitando o isolamento social, a nossa Constituição e a nossa democracia, desrespeita também a imprensa, pilar muito importante da democracia”, criticou.
Tabata Amaral também defendeu investigações das denúncias de interferência política na Polícia Federal feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro. “É preciso que comecemos todas as investigações, tanto pressionando o Judiciário quanto fazendo a nossa parte. Eu já apoiei cinco CPIs e três pedidos de CPMIs”, informou.
Já o líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o governo federal tem compromisso com a democracia, mas que o STF praticou “interferência indevida” ao impedir a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal. A nomeação foi o que levou Sérgio Moro a sair do governo.
“Tenho visto algumas manifestações querendo imputar ao presidente da República uma série de rótulos antidemocráticos e queria refutar essas afirmações, inclusive dizendo que um dos pilares da nossa República é o respeito à independência e à harmonia entre os poderes”, disse Vitor Hugo.
O líder do governo também afirmou que “qualquer mudança na direção da Polícia Federal é uma prerrogativa do presidente e não pode ser interpretada como interferência”.
Desvio de foco
Alguns deputados destacaram que o foco de todas as autoridades deveria ser o combate ao coronavírus e lamentaram a postura do presidente da República.
O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) disse que o presidente agiu “na contramão do combate ao coronavírus”. “Aliás, está em favor do coronavírus quando participa de uma aglomeração. Estranhamos ainda atos contra as instituições, inclusive contra a nossa Casa, que está fazendo um trabalho para dar ferramentas para que o governo possa atuar contra a crise econômica e sanitária que estamos vivendo”, afirmou.
O líder do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), também lamentou o ocorrido. “É com profunda tristeza que eu vejo a atitude do presidente da República quando ele deliberadamente desincentiva o isolamento social; ou quando ele fabrica crises institucionais, arriscando o equilíbrio do País”, afirmou.
Já o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) repudiou as agressões a jornalistas e profissionais de saúde. “Nós estamos enfrentando uma crise, uma pandemia, com efeitos sanitários, econômicos e sociais gravíssimos. E é lamentável que, num momento como este, nós precisemos gastar energia para combater discursos autoritários, antidemocráticos e, mais do que isso, agressões a instituições fundamentais neste período”, ressaltou.
Fonte: Agência Câmara de Notícias