Em 1940 o Brasil vivia o início de um intenso processo de industrialização. Isso fez com que muitos trabalhadores deixassem o campo para ocuparem vagas nas fábricas das cidades. Se hoje o trabalho na fábrica ainda é pesado, naquela época, quando a industrialização e as leis que regem as relações entre patrão e empregado ainda estavam se formando, eram muito mais difíceis, o que causou um choque no operariado.
A música O Bonde de São Januário, de Ataulfo Alves e Wilson Batista, reflete este contexto. O Estado, entretanto, para firmar um novo modelo econômico no país, agia com rigidez. Desta forma, os enredos de Escolas de Samba só poderiam tratar de temas “históricos e patrióticos”.
A letra original de O Bonde de São Januário, exaltava a figura do “malandro” esperto, que vivia na boemia, que não era trouxa de virar operário e entrar “no bonde de São Januário” (bairro industrial) que “leva mais um otário” para trabalhar. Mas foi censurada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) e teve que mudar. Veja abaixo como ficou:
O Bonde São Januário
(Composição: Ataulfo Alves e Wilson Batista/1940)
Intérprete: Cyro Monteiro
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
(bis)
O Bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
(bis)
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir
meu futuro
Vejam voces
Sou feliz
vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
É, vivo bem
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Fonte: Memória Sindical
Rita de Cássia Vianna
Antigo…lembro….muito bom! É isso