Foto: Wilson Dias/EBC/FotosPúblicas
Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura aponta que pelo menos 500 trabalhadores devem perder o emprego. O corte projetado é de 127 milhões de reais.
A Pinacoteca terá de demitir um terço dos funcionários e passar a cobrar ingressos aos sábados, o Museu Catavento perderá monitores escolares, o Museu Afro Brasil terá de fechar aos fins de semana. Na Casa das Rosas e em bibliotecas, os cortes devem cancelar 140 atividades culturais. A Escola de Música Tom Jobim vai perder 150 bolsas e o Theatro São Pedro terá de fechar as portas.
Exposições também devem ser canceladas em lugares como o Memorial da Resistência do Estado, o próprio Museu Catavento e o Museu da Casa Brasileira.
O Conservatório de Tatuí teria de fechar as portas do polo de São José do Rio Pardo, que tem 60 professores e 800 alunos. O mesmo vale para biblioteacs, orquestras, bandas, oficinas de férias e cursos noturnos das Fábricas de Cultura, onde o atendimento deve quase cair pela metade.
O diretor presidente da Abraosc, Paulo Zuben explica que a situação é ainda mais dramática se considerarmos a diminuição do dinheiro que vai pra Cultura nos últimos dez anos.
“A nossa briga é pelo orçamento da pasta que em 2010 representava 0,71% do orçamento [total do governo] e vai passar a representar menos de 0,34%. Ou seja, em 9 anos nós tivemos mais de 50% de redução do orçamento para Cultura. Essa é a discussão que a gente realmente gostaria de fazer. E com esse corte nessa dimensão que nominalmente é de 23%, mas na verdade ele passa de 30%, ele impacta todos os equipamentos. Eu não tenho nem condição de dizer o que é mais grave e o que é menos problemático”, diz ele.
Ele explicou que o problema do corte aparecer agora, é que o resto do ano vai ter que compensar os gastos do início do ano, com um ajuste maior. O governo reclama de um rombo de 10 bilhões de reais no orçamento que o próprio PSDB montou e aprovou na Assembleia, mas foi descoberto pela equipe do secretário da Fazenda Henrique Meirelles em janeiro.
O vice-governador e secretário de governo, Rodrigo Garcia, junto com o secretário de Cultura Sérgio Sá Leitão, recebem na segunda-feira as Organizações Sociais que mantém esses lugares funcionando. A reunião vai ser às seis da tarde no Palácio dos Bandeirantes.
Em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa informou que tem feito reuniões com as 18 organizações sociais que tem contratos com o governo e que quer avaliar, definir e mitigar os impactos do contingenciamento sobre as atividades realizadas. Não há previsão de fechamento de instituições e programas.
VEJA ABAIXO A LISTA COMPLETA DOS IMPACTOS PREVISTOS
Pinacoteca do Estado:
– Diminuição drástica da programação pública
– Cancelamento de exposições, palestras e eventos de formação
– 53 mil alunos deixarão de participar de atividades
– Cancelar o ingresso gratuito oferecido aos sábados (153 mil visitantes)
– Demissão de um terço dos funcionários
– Cancelamento das exposições temporárias
– Cancelamento da programação cultural do Memorial da Resistência
Museu Catavento:
– Redução substancial do número de monitores universitários
– Eliminação das seções que exigem atendimento individual
– Paralisação da usual renovação das seções
– Redução à metade das equipes de apoio à visitação, bilheteria e senhas
Museu AFRO BRASIL:
– Cancelamento de todas as exposições temporárias planejadas para 2019
– Fechamento do equipamento ao público por 3 dias (sexta-feira, sábado e domingo)
– 100 mil pessoas deixarão de ser atendidas
Museu da Imagem e do Som:
– Redução drástica das 120 cidades atendidas pelo projeto Pontos MIS
– Redução no horário de atendimento
EMESP Tom Jobim:
– 80 colaboradores demitidos
Conservatório de Tatuí
– Fechamento do polo de São José do Rio Pardo
– Demissão de 60 professores
– 800 alunos sem aulas de música
Oficinas Culturais:
– Cancelamento de 120 atividades com 3.600 participantes
– Cancelamento de 10 grupos do programa de qualificação em artes
– Cancelamento de 260 encontros de orientação
Fábricas de Cultura:
– Cancelamento de 250 ateliês, afetando cerca de 5.100 aprendizes
– Redução das atividades da programação cultural (fábrica aberta)
– 30 mil participantes afetados
– Redução do funcionamento de bibliotecas, deixando de atender 7.500 frequentadores
– Redução de 40% no acolhimento ao público (4.000 pessoas), na Zona Leste
– Fechamento de Bibliotecas, Orquestras, Bandas, Oficinas de férias e cursos noturnos
Museu do Futebol:
– Operação e serviços aos visitantes severamente afetados
Museu da Língua Portuguesa:
– Implantação ameaçada
Museu da Casa Brasileira:
– Alteração na agenda de programação cultural
Casa das Rosas, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade:
– Redução do atendimento em áreas expositivas
– Cancelamento de 140 atividades da programação cultural atingindo 40.900 visitantes/participantes
São Paulo Cia. de Dança:
– 40 mil pessoas sem ser atendidas
– Redução de 50% no público beneficiado em 2018
Theatro São Pedro:
– Encerramento das atividades do Theatro
– Cancelamento da temporada de óperas e concertos sinfônicos a partir de maio
– Desmobilização da Orquestra do Theatro São Pedro
– Público de cerca de 40 mil pessoas ao ano sem atendimento
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo:
– Ainda avalia o impacto no orçamento
Fonte: CBN
