PUBLICADO EM 15 de jul de 2020

Contra corte de direitos, metroviários podem parar

Considerados trabalhadores de serviços essenciais, os metroviários de São Paulo enfrentam um cenário dramático na pandemia da Covid-19. Além de defender suas vidas, colocadas em risco durante o cumprimento das atividades, eles ainda têm que lutar contra tentativa do governo do Estado de retirar direitos históricos da categoria.

Elaine é coordenadora de Comunicação do Sindicato dos Metroviários de SP

Quem conta é Elaine Damásio, coordenadora de Comunicação do Sindicato da categoria. Ela participou segunda (13) da live na Agência Sindical e falou sobre a situação. Segundo Elaine, a empresa se negou a adiar as negociações da Campanha Salarial para o pós-pandemia e, inclusive, apresentou uma proposta com a retirada de diversos direitos como horas extras, adicional noturno e plano de saúde.

Ela conta que, até para garantir o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) básicos para a categoria, a entidade precisou entrar com ação judicial. “Pra você ter noção do nível de valorização que o governo tem com os metroviários”, disse.

PRINCIPAIS TRECHOS:

Higienização – “Dentro das estações e dos vagões não existe higienização conforme orienta a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nós reivindicamos o teste para todos os funcionários. Mas isso não foi feito. Não há testagem nem para o grupo de risco”.

Infectados – “Criamos uma comissão para fazer uma balanço sobre os contaminados. Tivemos de óbito de trabalhador na ativa, um mecânico de manutenção do Pátio Itaquera e uma funcionária do Sindicato. Mas o Sindicato foi efetivo desde o início da pandemia. Tivemos que entrar na Justiça até para garantir os EPIs básicos para categoria”.

Afastados – “O metrô conseguiu cassar a liminar que mantinha as pessoas do grupo de risco afastadas e passou a convocar funcionários com mais de 60 anos para trabalhar. Entramos com denúncia e orientamos quem tivesse nesse cenário para que não fosse trabalhar”.

Greve – “O Acordo Coletivo da categoria venceu dia 30 de abril. Nossa primeira reivindicação foi negociar pós-pandemia, mas o metrô não aceitou. Não reivindicamos aumento, apenas a manutenção dos direitos. Mas na primeira reunião já fomos informados que seriam retirados direitos, como adicional risco de vida e redução drástica de hora extras. Por isso, estamos em estado de greve”.

Reconhecimento – “Queremos negociar. Temos 8 mil trabalhadores na categoria, 300 já foram contaminados e continuamos prestando um serviço de qualidade. E a resposta do governo é a retirada de direitos”.

Privatização – “No metrô é um assunto dramático. Porque prestamos um serviço social e de qualidade. Estamos preparados para dar toda assistência ao usuário que necessite. Já salvamos até vidas”.

Sociedade – “Temos que fazer esse debate na sociedade. Tem pessoas que moram no extremo das periferias, tentamos dialogar com esse público os prejuízos que traria a privatização. A mídia não faz esse debate. Fica mais difícil, porque não conseguimos conscientizar e ganhar a sociedade, que se informa pelos grandes meios de comunicação. Temos um bom exemplo na Argentina, onde privatizaram o metrô e a sociedade foi pra rua pedir pra estatizar”.

Live – Clique aqui e assista à entrevista na íntegra

Fonte: Agência Sindical

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