Eleito deputado federal mais votado de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol-SP) afirmou que a melhor maneira de se contrapor ao “bolsonarismo raivoso”, que tentou dar um “golpe de estado” em 8 de janeiro, é fortalecendo a mobilização popular. Ele entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (18), ele diz que a disputa política é como um “cabo de guerra”. Nesse sentido, disse que pretende usar “à exaustão” todas as ferramentas de participação popular que tiver à disposição como parlamentar.
Assim, ele alerta para os limites de se pensar a governabilidade do novo governo Lula apenas envolvendo os atores institucionais representados na Praça dos Três Poderes. “A melhor forma com que os movimentos sociais podem apoiar o governo é justamente se mobilizando. Nós temos que entender que política é disputa de forças”, afirmou.
As pressões do campo conservador, de acordo com o parlamentar, não são apenas dos bolsonaristas. Mas também do mercado – a Faria Lima –, dos setores ligados ao agronegócios e também do Centrão “fisiológico”. Esses setores, disse Boulos, usarão de todos os expedientes disponíveis para tentar levar a agenda do governo Lula para a direita. Nesse sentido, afirmou, é preciso ter “contrapressão”, ampliando as margens de manobra do novo governo, criando condições para fazer valer uma agenda de linha popular.
“O lado de lá se mobiliza nas ruas, às vezes de forma violenta, como a gente viu, o lado de lá se mobiliza na mídia, nos lobbies econômicos, se mobiliza no Parlamento. Ou seja, tudo o que não pode haver do campo popular é passividade”, ressaltou.
Golpismo
O parlamentar também cobrou punição exemplar para os golpistas de 8 de janeiro. Não apenas para aqueles que participaram da quebradeira nas sedes dos Três Poderes, e que estão presos. Mas também para os “financiadores” e parlamentares que apoiaram o terror em Brasília. Também cobrou responsabilização aos militares das Forças Armadas e da Polícia do Distrito Federal que foram “lenientes” com a atuação dos golpistas. Para Boulos, o rigor na punição aos envolvidos é necessário para evitar que a violência política se transforme num novo “padrão” de atuação da oposição bolsonarista.
“Eles passaram quatro anos fazendo ataques à democracia, liderados pelo próprio Bolsonaro, ameaçando golpe, muitas vezes com ameaças verbais, fazendo concentração de gente defendendo AI-5, defendendo torturador, atacando o processo eleitoral, e por aí vai. Mas agora eles passaram dessa linha. Da ameaça e da incitação passaram para realização e para uma tentativa de golpe”. Assim, é preciso dar um basta a esse tipo de atuação violenta, disse o parlamentar.
Atuação legislativa
Desse modo, Boulos classificou o Congresso Nacional será outro “front” fundamental na disputa contra o bolsonarismo e as formas conservadoras. Nesse sentido, disse que a função da bancada progressista é fazer valer a agenda que o povo escolheu, ao eleger o presidente Lula. Assim, ele disse que vai trabalhar pelo fortalecimento do salário mínimo e de políticas públicas voltadas à saúde e à educação.
Como coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MSTS), disse que pretende atuar de maneira mais “incisiva” durante a discussão da Medida Provisória que o novo governo deve enviar ao Congresso para reativar o programa Minha Casa Minha Vida.
“Que a gente estimule e privilegie moradias de melhor qualidade, mais próximas das regiões centrais e dos locais de oferta de emprego, onde tem infraestrutura, onde tem serviços públicos concentrados nas cidades. Então esse debate nós vamos fazer para que o novo Minha Casa Minha Vida seja aperfeiçoado”.
Ele também disse que pretende apresentar projetos de lei que estabeleçam políticas públicas de alimentação popular, aos moldes das Cozinhas Solidárias, projeto mantido pelo MST. Outra iniciativa será com vistas a garantir proteção à população de rua.
Disse que, em 2023, sua cabeça estará em Brasília, para auxiliar Lula na reconstrução do Brasil. Mas, a partir do ano que vem, deve estabelecer costuras para fortalecer a sua candidatura à prefeitura de São Paulo. Ele citou que conta com o apoio do próprio presidente e do PT para construir uma “frente progressista” na disputa pela maior capital do país.
Fonte: Rede Brasil Atual