PUBLICADO EM 27 de abr de 2021
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Congresso dos Trabalhadores das Américas pede “Fora Bolsonaro”

Os participantes entenderam que diante da grave crise sanitária e econômica por que passa o Brasil, a solução é pedir por “Fora Bolsonaro”.

Durante quatro dias dirigentes sindicais brasileiros e de países das Américas, e autoridades politicas latinas debateram o futuro da democracia frente aos desafios de cortes de direitos trabalhistas e ataques à organização sindical e a cena latino-americana, entre outros temas, no 4º Congresso da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), realizado de 20 a 23 deste mês.

Em resolução, os participantes do congresso entenderam que diante da grave crise sanitária e econômica por que passa o Brasil, a solução é pedir por “Fora Bolsonaro”.

Na moção, os sindicalistas destacam que “ a população brasileira enfrenta a precarização do trabalho, diminuição de renda, além de ataques aos direitos e recordes em número de desempregados. A escolha negacionista do presidente Jair Bolsonaro, faz com que a pandemia se perpetue com milhares de vidas ceifadas, milhares, especialmente mulheres, negros e negras, em condições precárias e estudos indicam que a fome volta a prevalecer como uma realidade para mais da metade da população brasileira”.

Além de discutir a complexa situação que o continente atravessa, os participantes do Congresso elegeram por unanimidade, o CUTista Rafael Freire como secretário-geral da CSA, em substituição a Víctor Báez , e o norte-americano, Fred Redmond, como novo presidente da Confederação para o período de 2021- 2026, substituindo Hassan Yussuff.

Os desafios diante da pandemia

Um dos maiores desafios para o Congresso foi ter sido virtualmente, em função da pandemia. Isso se refletiu nos temas tratados e nas moções aprovadas nos diversos dias: a grave situação na Colômbia, a crise política no Brasil, a educação pública, gratuita, laica e emancipatória , a violência sistemática e generalizada vivida pelo povo chileno, a situação dos trabalhadores hondurenhos frente à corrupção governamental, a crise de segurança alimentar que vive a região no contexto da pandemia, o direito à saúde e o acesso às vacinas, violação dos Direitos Humanos no Haiti, situação dos migrantes da Venezuela, e a candidatura do Museu da Memória da ESMA à lista do Patrimônio Mundial da Unesco.

O novo presidente, Redmond destacou a necessidade de abrir o movimento: “não podemos deixar nenhum trabalhador para trás. Para lutar pela democracia temos que ser democráticos e incluir todos: mulheres, jovens, pessoas LGTBQ, afrodescendentes e indígenas, todos os trabalhadores de todos os lugares ”. A chave nas palavras de Redmond é “ser rigorosamente democrático em nossa prática, independente do partido no poder e do controle corporativo, e devemos lutar por justiça social e econômica”.

Para o presidente eleito da CSA, o movimento sindical está à altura do desafio e pronto para lutar pela saúde, segurança e justiça das atuais e futuras gerações de trabalhadores. Em consonância com isso e reafirmando o pacto de unidade, Rafael Freire elaborou: “Unidade para resistir, unidade para construir. A unidade não é unilateral, não é imposta, não é feita apenas com iguais. É construída com quem pensa diferente, no respeito. Na CSA há espaço para toda a diversidade da classe trabalhadora. Oferecemos espaço, respeito, síntese e confiança ”.

Unidade e solidariedade foram os conceitos centrais no encerramento da atividade institucional mais importante para os sindicalistas da CSA. Freire refletiu: “quando acreditarmos que nossas diferenças são grandes, olhemos para nossa classe trabalhadora, explorada, precária, olhemos para a violência sofrida pelas mulheres, jovens e comunidades afrodescendentes, e vamos entender que nossas diferenças são muito pequenas. Viva a classe trabalhadora, viva a CSA ”.

Dilma, Mujica e Fernandez participam do 4º Congresso da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas

Na abertura, no último dia 20, do evento virtual, em função da pandemia, estiverem presentes o presidente da Argentina Alberto Fernandez e o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Fernandez destacou os processos de enfrentamento com a direita neoliberal nos países da região e os esforços que têm feito para que não ocorram embargos econômicos como os que existem atualmente contra Cuba e Venezuela. Ele falou do Brasil e de como é difícil o enfrentamento social na conjuntura brasileira.

Mujica participou das discussões de conteúdo político, com as análises conjunturais também do ex-presidente da CSA, Hussein Yussuff, do diretor geral da OIT, Guy Rider, da secretária-geral da CSI, Sharan Burrowe do secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten.

“O saldo político do dia foi muito animador pois deixa aos delegados das 39 centrais sindicais que estão participando um sentimento de unidade e de esperança na luta por igualdades, direitos e felicidade” avaliou o dirigente da Contraf-CUT.

A ex-presidenta Dilma Rousseff falou no segundo dia do Congresso. Ela denunciou a ampliação da miséria, da fome e desigualdades no Brasil no governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).

A agudização da miséria, da exploração, aumento da pobreza familiar foram questões ressaltadas pela ex-presidenta. Dilma deu destaque nesse quadro de miséria para as mulheres negras, segmento discriminado e explorado da sociedade. Ela falou das empregadas domésticas mantidas nas casas dos patrões. Essa situação de trabalhos similares à escravidão, de acordo com a ex-presidenta, piorou após o golpe que a tirou da presidência. Dilma lembrou ainda os ataques a direitos dos trabalhadores que antecederam a pandemia.

Novos dirigentes da CSA

Além de eleger Rafael Freire como secretário-geral e Fred Redmond como novo presidente da Confederação, os participantes do congresso elegeram representantes para o Conselho Executivo, do Conselho Fiscal e dos Comitês de Jovens e Mulheres para os próximos quatro anos.

A Secretaria, o Conselho Executivo e o Comitê Feminino foram eleitos por 100% dos eleitores do colégio eleitoral composto por todos os filiados com direito a voto no congresso. Sem abstenções ou votos em branco.

A secretaria é assegurada por Jordania Ureña, como Secretário de Políticas Sociais, Cícero Pereira, como Secretária de Política Sindical e Educação e Bárbara Figueroa, como Secretária de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável. Além disso, Toni Moore e Francisca Jiménez serão as vice-presidentes da CSA.

A CUT participou do Congresso com 24 delegados, mesmo número da AFL-CIO, Central de trabalhadores dos Estados Unidos.

Foram eleitos no Conselho Executivo, para o período de 2021-2026, os dirigentes CUTistas:

Titulares: Antonio Lisboa e Rosane Bertotti –

Primeira Suplência: Jandyra Uehara Alves e Quintino Severo

Segunda Suplência: João Batista Gomes

Presidenta do Comitê dos Jovens: Cristiana Paiva Gomes

Membra do Comitê das Mulheres: Juneia Batista

Com informações da CSA/ e Contraf-CUT

Fonte: Redação CUT

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