O salário mínimo e as aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) poderão ser reajustados em 4,2% em 2020.
Com isso, o piso nacional passará dos atuais R$ 998 para R$ 1.040, segundo a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) aprovada nesta quinta-feira (8) pela Comissão Mista de Orçamento.
O reajuste corresponde à previsão do Ministério da Economia para inflação deste ano medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE. O índice elevaria o teto dos benefícios dos atuais R$ 5.839,45 para R$ 6.084,71.
Caso o Congresso Nacional aprove a proposta da gestão de Jair Bolsonaro (PSL), o próximo ano marcará o fim da política de valorização do salário mínimo criada pelos governos petistas.
Até este ano, além da inflação, o índice de ajuste anual do salário mínimo incorporava o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.
Nas aposentadorias do INSS, por exemplo, a regra colaborou para o aumento de 4,61% para quem recebe o piso salarial, enquanto beneficiários com rendas mais altas tiveram correção de 3,43%.
Desde 2004, essa política acrescentou R$ 425 à renda de quem recebe o mínimo, segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio Econômicos).
“Esse incremento nos salários foi responsável por injetar cerca de R$ 260 bilhões por ano na economia do país”, diz.
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), a opção do governo reduz as chances de recuperação da economia. “Considero um erro porque reduz a renda da base da pirâmide econômica, já que o aumento real do salário mínimo conseguia melhorar a condição dos mais pobres, mesmo o PIB tendo avançado pouco nos últimos anos.”
Para João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindinapi), filiado à Força Sindical, a falta de valorização do mínimo achatará ainda mais os benefícios. “É preciso criar uma forma de recompor a renda do aposentado”, afirmou.
A proposta para a LDO que não aplica aumento real ao salário mínimo ainda precisará ser aprovada em sessão do Congresso, antes de ser enviada para a assinatura de Jair Bolsonaro (PSL).
A aprovação não garante que o índice de correção dos benefícios será de 4,2% em 2020, já que esta ainda é uma previsão para a inflação. O índice final sai em janeiro.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Economia informou que não iria comentar.
REAJUSTE SALARIAL PARA 2020 | CONFIRA OS VALORES
O salário mínimo e as aposentadorias do INSS poderão ser reajustados em 4,2% em 2020
O valor corresponde à expectativa do governo de Jair Bolsonaro para a inflação deste ano
A previsão está na Lei de Diretrizes Orçamentárias, aprovada pela Comissão Mista de Orçamento
Para quanto vai o benefício do aposentado
O salário mínimo previsto pelo governo federal para o ano que vem é de R$ 1.040
O valor também corresponderá ao piso dos benefícios da Previdência
Hoje, o piso salarial de trabalhadores e aposentados é de R$ 998
O teto dos benefícios previdenciários deverá subir para R$ 6.084,71
Atualmente, o valor máximo dos benefícios da Previdência é de R$ 5.839,45
Confira como ficam outros valores com o reajuste de 4,2% em 2020 (em R$):
Benefício em 2019 | Benefício em 2020 |
998 | 1.040 |
1.000 | 1.042 |
1.200 | 1.250 |
1.400 | 1.459 |
1.600 | 1.667 |
1.800 | 1.876 |
2.000 | 2.084 |
2.200 | 2.292 |
2.400 | 2.501 |
2.600 | 2.709 |
2.800 | 2.918 |
3.000 | 3.126 |
3.200 | 3.334 |
3.400 | 3.543 |
3.600 | 3.751 |
3.800 | 3.960 |
4.000 | 4.168 |
4.200 | 4.376 |
4.400 | 4.585 |
4.600 | 4.793 |
4.800 | 5.002 |
5.000 | 5.210 |
5.200 | 5.418 |
5.400 | 5.627 |
5.600 | 5.835 |
5.800 | 6.044 |
5.839,45 | 6.084,71 |
FONTE: Agora SP