Organização Meteorológica Mundial confirma marca alcançada em 2020 de 413,2 partes por milhão; temperatura global continuará subindo se tendência de alta persistir; agência da ONU pede revisão de sistemas industriais, de energia, transporte e modos de vida.
As concentrações médias globais de Dióxido de Carbono, CO2, atingiram um novo pico de 413,2 ppm em 2020.
Esta segunda-feira, o Boletim de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial, OMM, ressalta que este ano continua a tendência de alta anual para cima da média do período entre 2011e 2020.
Repercussões negativas
Em 2015, a quantidade de CO2 na atmosfera ultrapassou a marca de 400 partes por milhão, ppm. Cinco anos depois, o total superou 413 ppm, um nível visto como “mais do que apenas uma fórmula química e números em um gráfico”.
Para o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, deve haver “grandes repercussões negativas” dessa situação para o dia a dia e bem-estar, para o estado do planeta e para as gerações do futuro.
Nos últimos dois anos, a taxa das concentrações médias globais de CO2 foi ligeiramente menor do que as de 2018 a 2019, mas esteve acima do crescimento anual na última década.
Esse cenário teve lugar apesar da queda de aproximadamente 5,6% nas emissões de CO2 de combustíveis fósseis devido às restrições da Covid-19.
Gases de efeito estufa
Embora tenha havido a baixa temporária de novas emissões no período da pandemia, a desaceleração econômica “não teve nenhum impacto perceptível sobre os níveis atmosféricos de gases de efeito estufa e suas taxas de crescimento”.
O nível atingido no ano passado está 149% acima do pré-industrial. O gás metano, CH4, está 262% mais alto e o óxido nitroso, N2O, a 123% dos níveis em 1750, quando as atividades humanas começaram a alterar o equilíbrio natural da Terra.
Enquanto a situação persistir, a temperatura global continuará aumentando. A OMM prevê que dada a longa vida do CO2, o nível de temperatura já observado seguirá por várias décadas, mesmo se as emissões forem rapidamente reduzidas a zero líquido.
Efeitos socioeconômicos
O aumento das temperaturas deve ser acompanhado por eventos climáticos extremos, incluindo calor e chuvas intensos, derretimento do gelo, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos. Estas situações serão seguidas por efeitos socioeconômicos de longo alcance.
Estima-se que atualmente cerca de metade do CO2 emitido pelas atividades humanas permaneça na atmosfera. Da outra metade se ocupam os oceanos e os ecossistemas terrestres que atuam como “sumidouros”.
O boletim adverte para a perda progressiva dessa capacidade, numa situação que preocupa porque “pode baixar a capacidade de absorver dióxido de carbono e agir como um amortecedor contra um aumento maior de temperatura.”
O aumento de temperatura no final deste século estará muito além das metas do Acordo de Paris, que é de 1,5 a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. O secretário-geral da OMM ressalta mesmo que “o mundo está muito fora do rumo”.
COP-26
Petteri Taalas pede que no momento de definição das metas de neutralização de carbono, e na expectativa de que a Cúpula Climática, COP-26, haja um aumento dramático nos compromissos e que estes sejam transformados em ações.
A expectativa é que essas medidas venham a ter impacto “nos gases que impulsionam as mudanças climáticas.”
O especialista disse que devem ser repensados os sistemas industriais, de energia e transporte e todo o modo de vida.
Ele destaca ainda “não haver tempo a perder” para introduzir mudanças necessárias economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis para chegar a esse propósito.
Fonte: Nações Unidas