PUBLICADO EM 04 de dez de 2017

Companhia de biotecnologia da Google investe em pesquisa sobre “célula da juventude”

Cada ser humano nasce da fusão de duas células, descendentes de outras células, um óvulo e um espermatozoide. A linhagem de células que une uma geração a outra – chamada linha germinal – é, em certo sentido, imortal.Mas isso parece estranho se consideramos que, ao longo do tempo, as proteínas das células se deformam, formando grumos e transmitindo os danos para as suas descendentes. Assim, em milhões de anos, a linha germinal deveria se tornar devastada demais para produzir vida nova saudável.

Não é o que sugere um artigo, publicado em novembro deste ano no jornal Nature, dos pesquisadores da Calico, companhia de biotecnologia criada em 2013 pela Google, K. Adam Bohnert e Cynthia Kenyon.

Segundo o artigo, através do estudo de um pequeno verme chamado Caenorhabditis elegans (favorito dos biólogos há cinquenta anos por seu funcionamento interno parecido com o humano), antes de um óvulo ser fertilizado, as proteínas deformadas sofrem uma varredura em uma intensa “explosão de limpeza”.

Os estudos da Drª Kenyon com o C. elegans vêm de longe. Em 1993 ela descobriu que, ao desligar um determinado gene a expectativa de vida desses vermes mais que dobrava e suas linhas germinais continuavam rolando de uma geração para outra.

Esse estudo levou a descoberta de uma rede de genes envolvidos em reparar células, permitindo aos animais viverem mais.

A maioria dos C. elegans são hermafroditas, produzindo tanto óvulos como espermatozoides. Quando os óvulos amadurecem, eles viajam por um tubo para encontrar o esperma. O interessante é que, os óvulos, que carregam uma surpreendente carga de proteínas danificadas, quando estão mais próximos do esperma, o dano é menor. Esta informação sugeriu que os espermas mandam sinais para os óvulos para livrarem-se destas proteínas danificadas. Isso ocorre apenas nos últimos minutos antes da fertilização e modo que seus descendentes não herdam esta carga. Combinando essas descobertas, os pesquisadores trabalharam a cadeia de eventos pelos quais os óvulos se rejuvenescem.

A danificação de proteínas está relacionada à doenças degenerativas, como o Alzheimer. A hipótese trabalhada é criar um sistema em que estas células também possam erradicar proteínas danificadas. Com isso de poderia, por exemplo, tratar doenças dando às proteínas danificadas um sinal para limpar a casa. Mas os pesquisadores não veem esse “remédio” surgir tão cedo. Esse ainda é uma fase muito inicial.

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