PUBLICADO EM 08 de fev de 2023
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Um olhar sobre a situação das ruas na periferia de São Paulo

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A periferia de São Paulo enfrenta uma situação para lá de dramática. E isto não começou ontem. Vem de longe. Hoje, porém, para muitos, a vida nessa parte da cidade tornou-se insuportável e até aqui sem que se perceba qualquer possibilidade de melhoria nos curto e médio prazos.

Poderia dar inúmeros exemplos sobre o caos instalado, mas quero ater-me a um desses aspectos que é a má conservação das vias públicas. O que se reflete na piora do sistema de transporte, seja público ou privado (transporte individual).

Ainda mais em tempos de chuvas torrenciais, tal como vêm ocorrendo. Principalmente em locais onde a pavimentação quase nunca é renovada na sua integralidade (apenas constituído de remendos e, por sinal, malfeitos).

Porém, neste momento, com a prefeitura comandada por Ricardo Nunes, um fulano que a maioria da população sequer sabe o seu nome, a situação se agravou como há muito não se via na maior e mais rica cidade brasileira.

Para aumentar o transtorno que tal situação acarreta, mas para passar a ideia de que o poder público está trabalhando, novos buracos (verdadeiras crateras) estão sendo abertos por gente ligada via contratos à prefeitura, particularmente em cruzamentos de movimentadas avenidas, bem como próximo a pontos de ônibus. E lá permanecem a céu aberto por dias e semanas sem que providência alguma seja adotada.

Com chuvas constantes, como agora, essas crateras transformam-se em lagoas, com risco de quebra de veículos e prejuízos aos seus proprietários que pagam imposto para, nesse quesito, ter tranquilidade e não dor de cabeça.

Obviamente que isto se restringe à periferia que, grosso modo, representa dois terços da malha viária urbana, já que no centro expandido da capital a situação é o oposto do que está sendo descrito.

Bem, mas estou analisando as dificuldades na periferia onde mora o grosso da população pobre do município de São Paulo. Sendo assim, na visão do poder público, por lá tudo de ruim é permitido, ainda que em 2020 tenha sido dessa região que saiu grande parte dos 60% dos votos que elegeram Bruno Covas/PSDB e seu vice Ricardo Nunes/MDB.

Para se ter uma ideia do que digo, nas últimas eleições municipais 54% do eleitorado do bairro Itaim Paulista, bairro localizado no fundão da Zona Leste e onde reina a precariedade nos serviços públicos, votaram no então prefeito e candidato à reeleição (político moribundo, à beira da morte) e, consequentemente, no seu vice, hoje o prefeito.

Nesse sentido, a maioria do eleitorado do Itaim Paulista, assim como de outros bairros de perfil semelhante, votou nos candidatos dos endinheirados como se morasse no Alto de Pinheiros, Zona Oeste da capital, onde tudo funciona e a expectativa de vida é em média de 80 anos.

José Raimundo de Oliveira

é historiador, educador e ativista social.

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  • Lauro Carone Novais

    Parabéns ao professor José Raimundo pela maneira simples como trata uma questão para lá de complexa como é a vida na periferia de São Paulo. Um modo particular de quem sabe e escreve ao povo, sem rebuscamento. Além disso é importante a sua analise vez que não adota a linha “murista” de muitos articulistas de jornalistas e programas de TV. Trata se de um profundo conhecedor da problemática social paulista e brasileira e, portanto, possui autoridade moral e conhecimento calcado na realidade concreta para dizer o que diz nesta importante matéria.

  • Esmael Leite da Silva

    A falta de cuidados públicos com a população da periferia se reflete em sua baixa qualidade de vida e alta taxa de mortalidade. É surprendente que políticos que não tem nenhuma empatia de resolver os próprios que afetam estas áreas, continuem a serem votados nestas regiões.
    É hora de mudar esta relação, mais do que justas as palavras sociólogo e colunista José Raimundo de Oliveira, os leitores da Rádio Peão Brasil tem de estar atentos a elas e as reproduzir, no bar, no cafezinho, nas filas, enfim, mudando nossas atitudes e discutindo os problemas da cidade, este tipo de situação não pode continuar. Grande abraço a todos e parabéns ao colunista que aponta caminhos para a busca de uma vida cidadã, melhor para todos.

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