PUBLICADO EM 22 de out de 2024
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Colunista: Renato Luque

Um completo descaso

No final de semana do dia 11 de outubro, uma ação da natureza que atingiu o Estado de São Paulo expôs, mais uma vez, o grande descaso da iniciativa privada com o bem-estar social.

Renato Luque, jornalista de entidades sindicais.Após um grande temporal cair sobre a Capital e outras cidades na sexta-feira, dia 11, houve queda de árvores, rompimento de fiação e deixando sem luz milhares de pessoas.

Até o início do dia 18 de outubro, uma semana depois, ainda havia cerca de 36 mil imóveis sem energia na cidade de São Paulo.

Esta catástrofe representa o grande descaso que a população recebe quando falamos em privatização de setores essenciais, como a energia elétrica.

Para se ter uma ideia, no fatídico final de semana do temporal paulistano, havia mais pessoas sem luz em casa na Região Metropolitana do que em todo o estado da Flórida, nos Estados Unidos, que foi atingido por um furacão de categoria 3 alguns dias antes.

Vale lembrar que nem sempre foi assim. No início do Século XX, quem administrava a energia elétrica no Estado era a São Paulo Tramway, Light and Power Company, a popular Light.

Ao final dos anos 1970, o governo brasileiro adquiriu o controle total da empresa, transformando-a em uma estatal. No início dos anos 1980, a empresa, que cuidava da geração e distribuição de energia nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, passou a ser estadual, operando sob o nome de Eletropaulo.

Mesmo na época do Apagão, no primeiro governo Lula (2003-2006), a população não sofria com a falta de energia tanto quanto sofre atualmente.

Quando a Eletropaulo foi privatizada, ainda havia uma parte das ações que eram de poder do governo brasileiro. O problema maior se deu quando a companhia foi toda privatizada e, por fim, a Enel tinha vencido o leilão.

A Enel, empresa estatal italiana, visou o lucro que teria operando em São Paulo. E o problema está justamente aí, principalmente quando falamos de governos entreguistas como foi o de Bruno Covas e Ricardo Nunes.

Quando ouvimos alguém dizer que deveria privatizar tudo, acabar com o Serviço Público, esse é o principal exemplo que devemos sempre lembrar. Afinal, a iniciativa privada coloca o lucro acima de qualquer coisa, mesmo que isso custe o bem-estar social como uma comida estragando na geladeira por falta de energia.

Enquanto discutimos a responsabilidade da Enel pela demora inacreditável em religar a energia, do atual prefeito Ricardo Nunes pela falta de cuidado e manutenção com a cidade, inclusive as podas de árvores, e a iminência de uma nova catástrofe natural, pessoas seguirão sem poder tomar banho, armazenar comida, sequer ter um momento de lazer assistindo o futebol na televisão.

Renato Luque, jornalista de entidades sindicais.

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