Uma condição necessária para a realização, com êxito, da nova CONCLAT em abril de 2022 é o convencimento das direções sindicais sobre sua necessidade e sua possibilidade adotando, desde já, em seus eventos coletivos esta diretiva.
Partindo-se do reconhecimento da difícil situação do movimento sindical pressionado pelo desemprego e informalidade, pela deforma sindical, pelo governo Bolsonaro e pela pandemia, a nova CONCLAT pode parecer muito difícil de ser feita. Mas a alternativa em não fazê-la é a pior, porque consagra o desarranjo e o mantém catastroficamente.
A nova CONCLAT repactuará o movimento sindical consigo mesmo, com os trabalhadores, com as instituições, com as direções políticas e com a sociedade – será o recomeço de uma nova etapa histórica do movimento sindical para enfrentar a transição e as novas tarefas de reconstrução que vierem a seguir.
Para tanto é essencial que novos temas sejam destacados e temas recorrentes sejam mantidos.
O primeiro destes é a luta constante pela valorização do salário mínimo, agora cientificamente consagrado pela premiação do Nobel. As memoráveis marchas à Brasília e os efeitos benéficos da política de valorização confirmam a necessidade desta pauta que interessa aos trabalhadores formais e informais, aos próprios desempregados e à economia.
Outro tema a ser destacado (também valorizado na última premiação do Nobel) é o interesse do movimento sindical pela educação formal dos trabalhadores, fator constitutivo para a melhoria salarial deles. Em cada destacamento sindical, nos municípios, nos estados e nacionalmente, um novo pacto precisa ser estabelecido entre o movimento sindical e o mundo da educação, refletindo a preocupação do movimento pela situação das escolas, dos professores e dos alunos.
E, sem prejuízos de vários outros, destaco a experiência recente de enfrentamento da pandemia em que, mais que nunca, valorizou-se o SUS e o sistema público de saúde. É a grande oportunidade de abandonar a exclusiva preocupação com o atendimento privado de saúde e orientar recursos financeiros (ligados, por exemplo, aos resultados das negociações salariais) para o sistema público de saúde.
João Guilherme Vargas Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo