PUBLICADO EM 23 de fev de 2022
COMPARTILHAR COM:

Tragédias anunciadas

Todo ano as trágicas cenas se repetem. Chuvas de verão provocando deslizamentos de terra, desbarrancamentos, destruição de casas, enchentes e mortes na cidade e no campo. Na zona rural há o agravante representado pela destruição da lavoura, gerando escassez de produtos e inflação. As chuvas e tempestades são previsíveis. Também deveriam ser previsíveis as medidas adotadas com antecedência para salvar as pessoas que todo ano são vítimas destes desastres.

Próprias mãos
Apesar de serem tragédias anunciadas, infelizmente não vemos o poder público de uma maneira geral, atuando no campo da prevenção. Atua-se, e ainda de forma precária, somente no pós-tragédia. É o que estamos vendo, lamentavelmente, em Petrópolis, onde a falta de bombeiros e pessoal da defesa civil em número adequado, obriga os moradores sobreviventes a procurarem seus entes queridos na lama e nos escombros, com as suas próprias mãos e equipamentos improvisados. Todos nós sabemos que as encostas dos morros precisam ser preservadas. Mas diante das falhas na fiscalização e da falta de moradias, as construções irregulares e sem projetos ou supervisão, vão se alastrando em todo o país.

Déficit
A crise agravada pela pandemia ampliou o número de desempregados e de famílias despejadas de suas residências. A falta de uma política habitacional para atender o déficit de mais de seis milhões de moradias no Brasil, faz com que o brasileiro, no desespero para ter onde morar, construa em terrenos perigosos.

Como uma das saídas para amenizar o problema, defendo ações sincronizadas entre os governos municipais, estaduais e federal no sentido de implementar, no País, uma política habitacional séria, com pesquisa e planejamento. Tenho experiência nesta área. Por meio da Cooperativa Habitacional dos Comerciários do Estado de São Paulo, já viabilizei a construção de mais de 14 mil casas, em diversos municípios, contribuindo, assim, para a redução do déficit habitacional, garantindo moradia digna para o trabalhador.

Agilidade
O governo, em seus três níveis precisa ter mais agilidade. Precisa seguir o exemplo da iniciativa privada que planeja, projeta e constrói moradias em locais seguros, em tempo recorde. Mas é necessário, também, que as instituições financeiras públicas e privadas facilitem o financiamento para a aquisição dessas moradias.

As mudanças climáticas estão cada vez mais frequentes. E com essas mudanças as tragédias ganham força. É a natureza reagindo. Por isso, é preciso que o poder público, a iniciativa privada e as instituições ligadas ao setor habitacional e de estrutura se reúnam para traçar planos de acordo com as características de cada região, para evitar que as cenas de Petrópolis continuem ceifando vidas inocentes Brasil afora.

Se nada for feito – e não vejo iniciativas sérias nesse sentido -, essas tragédias, infelizmente, continuarão se repetindo, para sofrimento e inconformismo de todos. Até quando teremos verões trágicos?

Luiz Carlos Motta é Presidente da Fecomerciários e Deputado Federal (PL/SP).

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS