
Trabalhador negro e a herança da escravidão. Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
O décimo terceiro artigo do dossiê “Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho”, organizado pelo Organizado pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) em parceria com as centrais sindicais, aborda o tema “Negro – trabalhador ou escravo de carteira assinada? Uma abordagem interseccional sobre a jornada de trabalho“. O artigo é assinado por Carlos Alberto de Oliveira.
O autor traça paralelos entre as condições impostas aos trabalhadores escravizados e a realidade atual dos trabalhadores negros, destacando que a abolição formal não eliminou práticas de exploração. Pelo contrário: a herança estrutural da escravidão permanece visível nas jornadas longas, nos baixos salários e na dificuldade de acesso a direitos fundamentais.
Escala 6×1
Um dos pontos centrais do artigo é a crítica à escala 6×1, que obriga o trabalhador a atuar seis dias consecutivos e descansar apenas um. Para o autor, trata-se de uma estrutura “perversa”, que reduz o convívio familiar, compromete a saúde física e mental e impede o desenvolvimento pessoal e profissional. Ele lembra ainda que abusos graves ocorreram em acordos coletivos que chegaram a autorizar escalas como a 10×1, expostas por trabalhadores do setor supermercadista.
Relatos apresentados no texto mostram os impactos da jornada extenuante: pais que só veem os filhos dormindo, jovens que abandonam os estudos por falta de tempo, trabalhadores em sofrimento psicológico, ansiedade e depressão.
“É gente ganhando pouco e tendo que gastar com terapia, porque não dá para aguentar”, destaca um dos depoimentos citados.
Para Oliveira, a redução da jornada de trabalho é um instrumento decisivo para enfrentar desigualdades raciais históricas. Ao garantir mais tempo livre, acesso a educação e a atividades culturais e sociais, a medida contribuiria para a construção de um mercado de trabalho mais justo e de uma sociedade menos desigual.
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