Já supera 29 mil o número de mortos na Faixa de Gaza por Israel. Feridos e mutilados somam cerca de 70 mil, 70% das residências foram destruídas por bombardeios e 1,5 milhão estão desalojados e deslocados.
Mais de dois terços das vítimas são crianças e mulheres. Num artigo intitulado “Duas Raças” a jornalista e documentarista Dorrit Harazim comenta:
– De qualquer ângulo que se olhe, as crianças palestinas do enclave formam um capítulo à parte da desumanidade em curso. Estatísticas de guerras anteriores mundo afora registravam média de 20% de crianças do cômputo total de vítimas. Em Gaza, elas são 40%. Dados levantados pela Save the Children apontam para mais de dez crianças mutiladas por dia, com a perda de uma ou ambas as pernas. Isso há quatro meses. E talvez já chegue a 25 mil o número das que perderam ao menos um dos pais na guerra.
Não há palavra mais apropriada para descrever o que está em curso no Oriente Médio do que genocídio, conforme denunciou o governo da África do Sul ao Tribunal Internacional de Justiça, a mais alta corte da ONU, e reiterou no domingo (19) o presidente Lula. O crime é equiparável aos praticados por Adolfo Hitler contra judeus e comunistas.
As declarações de Lula provocaram uma reação histérica do governo de extrema direita liderado por Benjamin Netanyahu, um político corrupto cuja cassação era dada como favas contadas antes do 7 de outubro e que hoje vê na guerra contra crianças e mulheres palestinas uma tábua de salvação do próprio mandato.
O governo de extrema direita chegou a declarar Lula uma persona non grata em Israel e por aqui parlamentares da extrema direita, liderados pela deputada pistoleira Carla Zambelli (PL-SP), nas palavras de Gleisi Hoffmann, aproveitaram a deixa para falar em impeachment e procurar desviar a atenção da convocação do seu líder neofascista, Jair Bolsonaro, pela PF para depor sobre a trama golpista que culminou no fatídico 8 de janeiro de 2023.
Os crimes de guerra praticados pelo Estado racista e terrorista de Israel são mascarados e respaldados pelos Estados Unidos e a poderosa máquina de espionagem e de propaganda midiática a serviço do imperialismo, em parceria com o lobby israelense.
Os imperialistas de Washington também têm as mãos assassinas sujas com o sangue das crianças e mulheres palestinas inocentes. É imperioso denunciar com toda força o genocídio no Oriente Médio e apontar os responsáveis.
Execrável é o comportamento da mídia burguesa nativa, que em geral faz coro com o imperialismo e os sionistas, ocultando os crimes de Netanyahu sob o cínico pretexto de que Israel está tão somente exercendo o direito à autodefesa.
A narrativa hegemônica nesses meios sustenta que Lula se isola no chamado Ocidente ao denunciar o genocídio. Mas, como bem observou o diplomata Celso Amorim quem está isolado politicamente no mundo é Benjamin Netanyahu e a extrema direita sionista, embora com o apoio do imperialismo.
No Sul Global, no mundo africano, asiático e sul-americano, nos países do chamado Terceiro Mundo, a percepção não é a mesma da mídia ocidental e do imperialismo. A fala de Lula ganhou repercussão favorável de boa parte do público. Também nos EUA, parte do movimento progressista incomodada com a postura de Biden e até de Bernie Sanders com a questão, também elogiou Lula, conforme noticiou a revista Fórum.
O presidente Lula fez uma declaração corajosa e justa e merece total apoio e irrestrita solidariedade da CTB, da classe trabalhadora e do povo brasileiro.
Conforme disse a jornalista Dorrit Harazim, citando o psicanalista Viktor Frankl, judeu austríaco que sobreviveu a Auschwitz, “no fundo existem apenas duas raças — pessoas decentes e pessoas indecentes”. Lula pertence ao primeiro grupo, Netanyahu e seus cúmplices, assim como o Clã Bolsonaro e Cia, ao segundo.
O mundo não pode continuar assistindo passivamente ao genocídio. É preciso que se imponha o cessar fogo imediato na Faixa de Gaza.
Adilson Araújo é presidente da CTB, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil