Por João Guilherme Vargas Netto
A sociedade brasileira e o próprio movimento dos trabalhadores encontram-se em um estado de passividade resiliente. Resistem às dificuldades e apoiam-se no que ainda resta do colchão social, mas permanecem, en masse, passivos.
Para explicarmos essa situação não basta a geografia social da superfície, mesmo com seus vales e montes. É preciso estudar a geologia profunda das classes sociais e seus comportamentos costumeiros, com camadas e placas tectônicas dominantes e dominadas que se acomodam com lentidão, a menos que irrompa um cataclismo.
Há muitas causas que explicam o estado de ânimo da população, em primeiro lugar a conjuntura econômica que parou de piorar depois de dois anos terríveis.
A conjuntura política também induz à paralisia e os campos antagônicos em que se dividiu a sociedade projetam suas expectativas e preocupações para o ano que vem. “Unamo-nos para 2018!” ou “Em 2018 daremos o troco!” absorve as energias e revela o cansaço na atualidade.
A resistência às medidas regressivas do governo deve, no entanto, quebrar a monotonia. Com três bandeiras – resistência à lei da deforma trabalhista, não à deforma previdenciária e repulsa à portaria escravocrata – o movimento sindical prepara a grande jornada do dia 10 de novembro, uma sexta-feira, véspera da entrada em vigor da lei celerada.
Os dirigentes sindicais metalúrgicos, que com sua iniciativa e unidade desencadearam o processo ao traçarem a estratégia de defesa dos acordos e convenções vigentes nas campanhas salariais, veem com orgulho a participação das centrais sindicais e das confederações que reforçarão na jornada o caráter classista amplo e intersindical.
Desde o início do movimento, passando pela plenária do dia 29 de setembro, os metalúrgicos de Catalão (GO) mostraram sua força derrotando com greve as tentativas da direção da empresa Mitsubishi de menosprezar o sindicato nas negociações salariais. Os trabalhadores e o sindicato foram vitoriosos e seu empenho e exemplo iluminam o caminho traçado que contraria o “movimento parado” da passividade social.
João Guilherme Vargas Netto, Consultor Sindical