PUBLICADO EM 22 de jun de 2020
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Tecnologia 5G precisa ser oportunidade à engenharia nacional

O leilão para operação da rede 5G, que estava previsto para novembro próximo, será adiado para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus, que impediu a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de fazer a tempo os testes necessários da nova tecnologia.

O leilão para operação da rede 5G, que estava previsto para novembro próximo, será adiado para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus, que impediu a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de fazer a tempo os testes necessários da nova tecnologia.

Já realidade em países desenvolvidos, o sistema é aguardado ansiosamente no Brasil, pois representará um patamar completamente novo na comunicação móvel, elevando enormemente a velocidade da transmissão de dados e reduzindo a taxa de latência. Isso diminui o tempo de resposta em comandos digitais, favorecendo de forma espetacular a indústria 4.0 e a chamada Internet das Coisas (IoT).
Apesar do novo atraso, o tema voltou à pauta com as decisões governamentais da semana passada. Foi recriado o Ministério das Comunicações, que havia sido fundido ao de Ciência, Tecnologia e Inovação, devendo a nova Pasta ficar incumbida de tarefas ligadas ao 5G. Além disso, conforme divulgado pela mídia, há uma tendência de se restringir o uso pelas operadoras de equipamentos fabricados pela chinesa Huawei, gigante no setor, apontando para uma inclinação pró-Estados Unidos na disputa entre os dois países.

Ainda sem decisões oficiais sobre o assunto, a medida, também conforme veiculado nos meios de comunicação, seria uma forma de preservar a soberania nacional. A questão é certamente fundamental, mas precisa ser tomada de forma racional e até pragmática, independentemente de preferências por esse ou aquele “way of life” ou dominação econômica.

Esse salto na internet móvel não pode significar apenas melhores negócios para os fabricantes e operadores do setor, megacorporações estrangeiras cujos resultados geram principalmente lucros e empregos em seus países de origem. Deve-se pensar como se traduzirá também em avanço para as condições de vida dos brasileiros, muitos dos quais hoje ainda sem acesso adequado à rede mundial de computadores, e oportunidades para a engenharia e indústria nacionais.

Estimativas iniciais da Anatel apontavam em 2019 para a movimentação de R$ 20 bilhões com o leilão, entre a arrecadação com a outorga da frequência de telefonia e investimentos pelas operadoras. Esse valor se multiplicará em movimentação na economia, e temos que garantir que haja o devido quinhão de ganho nacional. Apesar do nosso lamentável atraso nesse setor, governo, universidades e institutos de pesquisa, indústria e as entidades representativas da área tecnológica devem pensar estrategicamente sobre o que representa essa oportunidade, em termos de geração de emprego qualificado e transferência de conhecimento e tecnologia.

A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus Sindicatos filiados, entre os quais o Seesp, estão a postos para contribuir com essa discussão.

Murilo Pinheiro é presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp)
e da Federação da categoria (FNE)

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