A taxa de desemprego aberto medida pelo IBGE subiu de 13,2% para 14,3% entre a terceira e a quarta semana de agosto, o que em números absolutos significam 13,7 milhões de trabalhadores e trabalhadoras à procura de um novo posto de trabalho. No início do ano a taxa estava em 10%.
Embora alto, este índice não fornece um retrato confiável do drama da desocupação da força de trabalho no brasil, que na verdade é bem mais grave. O desemprego aberto compreende apenas assalariados que estiveram procurando um novo emprego nos 30 dias que antecedem a data da pesquisa.
Tragédia neoliberal
Além desses, somam-se ao exército de desempregados as pessoas consideradas desalentadas ou no desalento porque, desesperançadas, desistiram de sair atrás de um novo emprego. Mais de 5 milhões encontram-se nesta condição.
Também estão desocupadas milhões de trabalhadoras e trabalhadores autônomos, trabalhadores por conta própria no idioma do IBGE, batizados de “empreendedores” pelos neoliberais. Com o isolamento feito em resposta à pandemia muitos perderam a fonte de renda.
A taxa de desemprego aberto, portanto, nos dá um retrato parcial e limitado da realidade. Seu crescimento acelerado em uma semana não se deve a uma deterioração ainda maior da economia, mas ao fato de que muitos trabalhadores e trabalhadoras saíram do desalento e aumentaram a demanda por postos de trabalho.
A dimensão da doença que consome o mercado de trabalho brasileira é melhor indicada pelo fato de que menos de 50% da População em Idade Ativa (PIA) estão ocupados. São 77,8 milhões considerados sem ocupação.
Trata-se de uma ociosidade aberrante de forças produtivas, embora nem todos os indivíduos em idade ativa (acima dos 15 anos) fora do mercado de trabalho possam ser classificados como desempregados.
Os dados revelam uma tragédia econômica que não encontra explicação apenas na crise sanitária provocada pela covid-19. A política de restauração neoliberal, iniciada por Michel Temer e aprofundada por Bolsonaro, é a causa maior do problema.
Fora Bolsonaro
As reformas da CLT e da Previdência e o congelamento dos gastos públicos afetaram o mercado de trabalho brasileiro, ampliando a precarização e dificultando a recuperação da economia e, por extensão, da oferta de emprego.
O cenário só tende a piorar enquanto a agenda ultraliberal do governo Bolsonaro, que acima de tudo serve aos interesses imperialistas dos EUA, não for interrompida. É preciso derrotá-lo para que o Brasil possa superar as atuais dificuldades e avançar na direção de um novo projeto nacional de desenvolvimento com democracia, soberania, crescimento econômico, respeito ao meio ambiente, pleno emprego e valorização do trabalho.
Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB