Nas visitas que a diretoria faz periodicamente ao longo da base da CPTM, um fato triste chama a atenção dos representantes sindicais da categoria: ver diversos trens da série 2100 paralisados nos Pátios de Santa Terezinha e Presidente Altino, e em flagrante estado de sucateamento.
Esses trens foram fabricados entre 1974 e 1977 na Espanha pela CAF e adquiridos na gestão do governador Mário Covas (PSDB). Antes de ser enviados ao Brasil, ao custo de milhões de dólares, para entrar em circulação em 1998, o trem Série 2100 foi reformado na Espanha, ajudando a fomentar a indústria ferroviária espanhola.
Enquanto isso, no Brasil a indústria ferroviária passava por um processo de desmonte e desprestígio por parte dos governantes do nosso país, o que foi objeto de denúncias pelo Sindicato à época.
Mesmo reformados na Espanha, antes de entrar em circulação, o trem série 2100 passou por diversos testes e readequações pelos técnicos da CPTM para que pudessem prestar serviço, chegando ao ponto de um dos trens apresentar problemas no fechamento e abertura de portas em decorrência de falha na estrutura do carro.
Pelo que a entidade apurou, os trens da série 2100 estão paralisados e em processo de sucateamento por decisão do Governo do Estado de São Paulo de renovar a frota de trens. Ocorre que a aquisição de novos trens aconteceu em 2008 com a compra dos trens da série 2070, ano em que os trens da série 2100 passavam por processo de reforma e modernização na Oficina de Roosevelt da CPTM. Estes que, agora, encontram-se em processo de sucateamento.
É lamentável conviver com o descaso e o desperdiço de dinheiro público aliado ao sucateamento e desprestígio da indústria ferroviária. É muito importante a modernização da frota para que os passageiros tenham maior conforto e segurança dos ferroviários, mas defendemos que isso deve estar alinhado a economia de dinheiro público.
Outros trens em processo de sucateamento como os das séries 5000 e 1700 foram fabricados em aço inoxidável e é difícil entender porque motivo suas estruturas não foram modernizadas. Estamos de olho e cobrando quem de direito nos deve explicação sobre esse processo de sucateamento para saber se há má fé, incompetência, descaso ou a somatória de tudo.
José Claudinei Messias
Presidente interino do Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana