Não nos percamos na curva: Bolsonaro atacou educadores e sindicatos para esconder a decisão de seu governo de cortar R$ 1,6 bilhão da Educação. Ao falar que “para eles (professores e sindicatos) tá bom ficar em casa, por dois motivos: primeiro eles ficam em casa e não trabalham, por outro colabora que a garotada não aprenda mais coisas, não volte a se instruir” o Presidente faltou com a verdade, usou de uma falsa premissa e tentou enganar a sociedade.
Também ao afirmar que o ano letivo está em risco, nova mentira, posto que já existem normatizações emanadas do Conselho Nacional de Educação e replicadas até pelo Ministério da Educação que estabelecem critérios e condições para a realização de ações nos sistemas educacionais que garantam atendimento e acompanhamento aos profissionais da educação, educandos e suas famílias com o objetivo de minimizar os prejuízos escolares devido ao estado de calamidade pública aprovado em março por ocorrência da pandemia que determinou, entre outras medidas, a suspensão das aulas presenciais, mas não interrompeu as demais atividades pedagógicas.
O fato é que a manifestação do Presidente tenta criar não só uma cortina de fumaça sobre sua política destrutiva – como de todo o resto – da Educação. Busca também alimentar a fração que lhe presta apoio com desinformação, violência e simulacro da realidade. Além disso, reforça a ideia de que a Educação é um obstáculo, um estorvo, uma excrescência, pois sabe que foi justamente a luta educacional a única que lhe impôs derrota quando do movimento “Tsunami da Educação” e seu governo já teve quatro ministros na pasta que detém um dos maiores orçamentos da União e tem caráter estratégico e organograma capilarizado, bem como os maiores e mais mobilizados sindicatos organizados por categoria profissional e ramo de atividade.
Não podemos cair na armadilha bolsonariana. Lógico que é preciso repudiar as declarações com veemência e ampla publicidade, porém a intervenção política e sindical deve discutir o conjunto da obra governamental e suas implicações e retrocessos nos direitos gerais da população quanto à Educação e oferecer resistência e luta ininterrupta e incansável ao que se articula.
Na semana em que celebramos os 99 anos do natalício de Paulo Freire e que vimos a nomeação de reitores que não foram escolhidos pelas comunidades acadêmicas das Universidades Federais, o desatino verbal do Presidente não foi fortuito, nem espontâneo, mas parte de um bem planejado movimento de ofensiva autoritária contra um dos baluartes de qualquer sociedade democrática, cidadã e progressista.
#ForaBolsonaro
#NãoAosCortesNaEducação
#EscolasFechadasVidasPreservadas
Alex Saratt é professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS, vice-diretor do 32º núcleo do Cpers-Sindicato