Anos atrás e considerando o alto índice de desemprego no Brasil naquele momento o nosso sindicalismo manteve erguida em posição de destaque a bandeira em defesa da redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salário sobre o justo argumento de que por meio de tal medida novos empregos seriam criados.
Cálculos realizados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontaram que, com a redução da jornada, haveria nos dois primeiros anos da sua implantação a criação de 2 milhões e 256 mil novos postos de trabalho.
Além disso, com a jornada semanal reduzida e nas condições aqui defendidas os trabalhadores terão disponibilidade de tempo para a realização de outras tarefas, tais como a busca pela qualificação profissional e também o descanso, incluindo-se nesse rol o lazer.
Por outro lado, esta mesma redução nas condições propostas permite ainda a valorização da hora/trabalho, uma vez que sua diminuição não implica em perda salarial. Ao contrário, representará no final um ganho a mais.
Todavia, o mais importante é que ela representa uma conquista moral, um sentimento de vitória, da mesma maneira como ocorrido em todas as épocas em que se lutou e se alcançou essa redução.
Hoje, o desemprego encontra-se em patamar altíssimo e muitos dos que permanecem trabalhando enfrentam longas jornadas semanais. Aliás, a jornada de trabalho de 44 horas semanais é uma das mais extensas no planeta e experiências realizadas mundo afora vêm mostrando que a redução de jornada não traz prejuízo à produtividade, além de benéfica às condições de vida dos trabalhadores.
Estudo intitulado “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça” e realizado em 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostrou que, em média, as mulheres trabalhavam semanalmente 7,5 horas a mais que os homens devido à dupla jornada que inclui trabalho remunerado e tarefas domésticas.
Afinal, por que o sindicalismo brasileiro abdicou de uma bandeira histórica da classe trabalhadora em todo mundo?
Não seria a hora do sindicalismo e demais forças progressistas reinserirem essa questão no debate politico, já que este ano teremos eleições nacionais e o próprio sindicalismo se articula de maneira unificada em prol de uma nova Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora)?
Por que não aproveitar o ensejo e inserir a proposta de redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salário na Pauta da Classe Trabalhadora/2022, em elaboração por essa nova Conclat, bem como abrir o debate em sua defesa junto aos inúmeros candidatos neste momento em disputa pela presidência da República? Com a palavra os dirigentes e as dirigentes sindicais.
José Raimundo de Oliveira é historiador, educador e ativista social.