É com apreensão e expectativa que, não apenas os brasileiros, mas o mundo tenta decifrar as melhores diretrizes a serem adotadas diante da pandemia de coronavírus. Enquanto é difícil estimar o impacto na economia global, a corrida tem sido para reduzir a projeção de mortes, que é a que mais preocupa àqueles que têm pais, avós, filhos, amigos, colaborares – enfim, empatia e apreço pela vida humana.
Saúde e economia estão sendo colocados em extremos opostos pelo líder de um governo que, cada vez mais, se descola da incumbência de conduzir a todos nós em detrimento de simplesmente dizer, sem a responsabilidade ou respaldo necessários, o que alguns desejam escutar. Não existe fórmula certa, mas temos a oportunidade de aprender com os erros daqueles que, poucos dias atrás, subestimaram os riscos à saúde pública e hoje não conseguem sequer enterrar todos os seus mortos.
É impossível prever se o comércio ou demais atividades poderão retomar a normalidade em 30 dias, mas é possível se preparar para que a economia não seja uma ameaça, mas proporcione garantias à nossa segurança. Isto se faz com políticas de contingência como o governo já tem anunciado, a exemplo do adiamento do FGTS, dos tributos federais e do crédito de R$ 5 bilhões do FAT para as empresas – medidas insuficientes, mas acertadas se compararmos com a acintosa tentativa de ceifar os salários de quem trabalha e produz.
A economia sobreviverá se a vida sobreviver. Superar este momento exige que a noção destas prioridades seja nítida e compartilhada entre todos. Exige, ainda, ação: que a inércia contribua apenas para restringir a proliferação do vírus e abandone, o quanto antes, os responsáveis pelas necessárias e urgentes medidas para proteger a vida e os empregos. Fique em casa!
Nilton Neco é Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre