Ao preparar a ida de sua comitiva a Davos na reunião dos ricaços mundiais o capitão Bolsonaro deve estar cogitando falar para eles (mesmo que não o tenha feito para nós) o que pretende fazer exatamente com a sua deforma previdenciária.
Uma coisa é certa: prepara-se o pior.
Mas enquanto não soubermos preto no branco qual será sua proposta fica difícil estabelecer a tática de luta correta para enfrentá-la com os trabalhadores, na sociedade e no Congresso Nacional.
Razão tiveram os dirigentes das centrais sindicais (com exceção dos dirigentes da UGT) em determinarem o dia 20 de fevereiro como data para uma grande reunião de avaliação e de mobilização.
Da mesma forma, todos os participantes da cerimônia de inauguração da mostra de fotos históricas do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo (e de Mogi), acontecida dia 17 de janeiro, Dia do Delegado Sindical, ao reafirmarem a vontade de resistência alertaram para a necessidade de conhecer a proposta efetiva a fim traçar o roteiro de luta conveniente.
No entanto, avulta para mim um problema que não tem merecido a atenção necessária.
Qualquer que seja a proposta reacionária de deforma previdenciária uma outra luta, entrelaçada com a resistência a ela, é indispensável para o movimento sindical. Refiro-me à luta pela manutenção da política de valorização do salário mínimo.
O jornalista Ribamar Oliveira, do Valor, com base em seus estudos orçamentários e prospectivos, demonstrou que se o salário mínimo não tiver aumentos reais de 2020 a 2022 a diminuição das despesas da Previdência Social seria maior do que a economia a ser obtida com a deforma da Previdência no mesmo período. Ou seja, o verdadeiro arrocho previdenciário passa diretamente pela extinção da política de valorização do salário mínimo.
Este fato, negativo em si mesmo, pode ser ou não associado à desvinculação do valor do salário mínimo de algumas prestações previdenciárias (o que pretende a equipe do “posto Ipiranga”), mas tem seu peso definitivo.
A luta pela política de valorização do salário mínimo (que deve ser votada, ou não, pelo Congresso este ano) é tão importante quanto à luta de resistência contra a deforma previdenciária e faz parte dela.
João Guilherme Vargas Netto
consultor sindical