Apesar das deficiências o Salariômetro da FIPE que mede os resultados das campanhas salariais é um dos poucos instrumentos públicos de controle da ação sindical.
O Dieese também apresenta o resultado das negociações com seu banco de dados próprio e o Banco Central as acompanha produzindo relatório reservado.
A última informação divulgada pela FIPE totaliza o resultado das negociações salariais do ano passado, registrando que 25% delas não conseguiram repor a inflação (configurando arrocho salarial), 25% empataram com a inflação e 50% garantiram ganhos reais (ainda que muito pequenos, na ordem de 1% ou fração com sua porcentagem tendo caído de 75% em 2018 para os 50% de agora).
Deve-se ressaltar também que a diminuição do número de negociações coletivas desde a deforma trabalhista impõe aos trabalhadores e aos sindicatos pesadas perdas.
O Salariômetro não leva em conta a evolução do salário mínimo; se o fizesse registraria este ano em um primeiro momento um arrocho seguido de uma mera reposição (a partir de fevereiro) devido ao atabalhoamento e a orientação antissalarial do governo.
A pesquisa menciona (mas não quantifica) ganhos não computados além dos índices de reajuste, o que pode alterar um pouco para melhor os resultados finais.
Cada dirigente deve, a partir de suas experiência e do controle de suas iniciativas, realizar um balanço dos resultados em sua categorias visando ressaltar as conquistas e descobrir as eventuais deficiências, para corrigi-las.
Em uma conjuntura de desemprego alto e de ampla informalidade, com inflação baixa, a resistência à queda dos salários, mesmo brigando por porcentagens pequenas é, juntamente com a luta pela sindicalização, uma das responsabilidades maiores do movimento sindical.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical