Como todos sabem, o movimento sindical nunca foi simpático ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora eleito democraticamente, ele tentou de várias formas subverter o processo democrático, ameaçando a estabilidade da nossa nação ao tentar perpetuar-se no poder através de métodos que se assemelham a um golpe de Estado. Para mim, ditadura é ditadura, e nunca trouxe resultados positivos em lugar algum, independentemente de sua coloração política — seja ela de direita, esquerda ou qualquer outra denominação. O autoritarismo, sob qualquer forma, deve ser rejeitado em nome da liberdade e da justiça.
No entanto, não estou aqui para discutir viés ideológico. Quero abordar uma questão de extrema gravidade que veio à tona recentemente: o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, junto com outras 11 pessoas, no caso das joias sauditas. A acusação é de que Bolsonaro se apropriou ilegalmente de joias no valor de R$ 16,5 milhões, recebidas durante uma viagem oficial ao Oriente Médio em 2021, dadas como presente ao estado brasileiro. Para a nação brasileira, esta é uma notícia chocante e profundamente triste.
A questão aqui não é apenas a apropriação indevida de bens que deveriam pertencer ao patrimônio da União, mas também as implicações mais amplas e preocupantes desse tipo de comportamento. Historicamente, sabemos que a apropriação de bens de luxo, como joias e obras de arte, tem sido uma forma comum de lavagem de dinheiro. Essa prática não só corrompe a integridade dos governos, mas também mina a confiança pública nas instituições que são fundamentais para a nossa democracia.
Para piorar a situação, há uma coincidência alarmante que reforça a suspeita de atos ilícitos. Um mês após o retorno da comitiva de Bolsonaro do Oriente Médio, a Petrobras anunciou a venda de uma refinaria na Bahia ao fundo de investimentos Mubadala Capital, de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. Este fato levanta a possibilidade de que as joias poderiam ter sido parte de um esquema de propina em troca de favores ou concessões econômicas, o que se enquadra nos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Este cenário aponta para uma prática que, infelizmente, não é novidade em nossa história, mas que precisa ser combatida com todas as forças. A corrupção é um câncer que corrói a base de nossa sociedade e impede o desenvolvimento justo e equitativo de nossa nação. O Brasil já sofreu muito com a corrupção em altos escalões, e ver um ex-presidente envolvido em tais práticas é uma afronta a todos nós que acreditamos em um país mais justo e democrático.
A UGT tem defendido incansavelmente a ética e a transparência na administração pública. Nossa luta é por um Brasil onde os trabalhadores e trabalhadoras possam confiar que seus líderes estão comprometidos com o bem-estar coletivo, e não com ganhos pessoais obtidos de maneira ilícita. Casos como o das joias sauditas mostram que ainda temos um longo caminho a percorrer para erradicar a corrupção de nossa sociedade.
Este indiciamento deve servir como um alerta para todos nós. É fundamental que as investigações continuem de maneira transparente e que os responsáveis sejam levados à justiça. Apenas assim poderemos começar a reconstruir a confiança da população em suas instituições e garantir que os recursos do país sejam utilizados em benefício de todos, e não de uma minoria privilegiada.
O Brasil precisa de líderes que governem com integridade e comprometimento com o bem comum. Nós, da UGT, continuaremos a lutar por um país onde a justiça prevaleça e onde a corrupção seja combatida com vigor. Nossa missão é garantir que o Brasil avance para um futuro mais justo, ético e democrático.
Que este caso sirva de lição e que possamos, como nação, aprender e evoluir para um caminho de maior transparência e responsabilidade. Precisamos construir um Brasil onde as próximas gerações possam viver com orgulho e confiança em seus governantes.
Ricardo Patah é Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)