Adilson Araújo, bancário do Sindicato dos Bancários da Bahia, presidente nacional da CTB, escreveu este poema no dia 13 de maio de 2023, quando a abolição da escravatura completou 135 anos. O poema propõe uma reflexão sobre a a opressão que os trabalhadores enfrentam e que a história ainda não conseguiu solucionar.
Que mundo é esse?
Que mundo é esse em que o universo conspira
Fazem de tudo para transformar a vida em mercadoria
Não faz sentido uma Nação rica ser palco da hipocrisia
Enquanto se fala de indústria 4.0, tecnologia 5G, inteligência artificial
Carros blindados, híbridos e elétricos
Disputam a narrativa de um cenário a céu aberto
Não dá nem pra imaginar que na cidade mais rica do continente
São Paulo de todas as cores, Paulicéia da diversidade
O povo segue ignorando a mais pura verdade
Putrefação!
Não posso me contentar com a opressão
Devo não nego, sou parte da indigna, tamanho é a minha indignação
Tem povo batendo biela, carregando carro de tração humana com peso desumano
O astro rei não é o Senhor
Padece de alguém que reivindica muito amor
Esse é o retrato do trabalhador badameiro
Que na ausência de um espelho carrega a dor no peito de um sofredor
É a triste fotografia que se invisibiliza no mundo inteiro
Não é falta de credo, nem zelo
Falta oportunidade, vida digna e um bom emprego…
Uma esmola o caralho. Avisa ao capital que já não sou mais otário
Como eu queria gritar de verdade
O mundo só faz sentido com amor, paz e liberdade
A solidariedade e a luta de resistência é o nosso guia
Sigamos juntos, irmanados em busca da alegria
O papo é reto, chega de demagogia
Precisamos urgente repartir o pão nosso de cada dia
Romper a lógica do velho sistema
Basta de exploração, ninguém mais aguenta
Trabalho escravo, jamais feche os olhos
Esse tipo de opressão, a gente não mais sustenta
Nem aqui, nem na casa do caralho
Basta!
Assim diria o mestre Paulo Freire: “a esperança é revolucionária”. Abrace-a!