Ensina a pesquisa rápida que o etnônimo “Yanômami” (termo gentílico criado pelos antropólogos para designar o referido povo indígena) significa “seres humanos” e é o que os diferencia dos demais elementos vivos ou espirituais da natureza dentro de sua cultura e cosmovisão.
Seres humanos, vejam vocês. Nada mais distante de qualquer traço de humanidade do que as chocantes, repugnantes, ignóbeis cenas retratadas pelos agentes federais enviados à reserva tanômami, terra desde muito tempo açoitada pela ação de grileiros, fazendeiros e garimpeiros, sob a omissão e mesmo o estímulo e beneplácito de governos, empresários e da sociedade.
Em nome de uma suposta soberania ou da expansão agrícola e comercial e seus dividendos ou da ganância por ouro e pedras preciosas ou pelo simples ódio aos povos originários vimos as provas de um crime selvagem, com requintes de crueldade, coberto mal e porcamente pela rede de mentiras que governou o país.
São muitas as violações e brutalidades que vivemos na longa noite escura dos seis anos. O Golpe de 2016 desencadeou um dos mais violentos processos involutórios já conhecidos por esse chão acostumado a ter a marca de sangue e morte aos longo de seus mais quinhentos anos de existência.
Faltou a vacina, faltou o ar; faltou a comida, faltou a vida. Em plena era da suficiência, da fartura, do excesso e do desperdício, padecemos pela miséria ávara, pelo egoísmo mesquinho e pela escassez proposital e planejada, método e fim de uma política calculada de extermínio bestial.
Não foi um acaso ou um fenômeno da natureza, foi aquilo que convecionamos chamar de “necropolítica”. E sua concepção, execução e regozijo tem DNA e nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro, o rufião que simula exílio para escapar da Justiça por seus inúmeros crimes à frente da Presidência do Brasil.
A tragédia dos yanômamis, seres humanos reduzidos à indigência, sofrimento e morte, é apenas a ponta de uma árvore tóxica e maligna com raízes profundas. Muitos outros povos indígenas, quilombolas, populações de periferia – majoritariamente negra – e pobres em geral viveram o Inferno na Terra com a política fascista, negacionista e genocida de Bolsonaro.
É preciso que o mundo saiba de seus crimes e se monte um grande movimento internacional para que nenhum país aceite em seu solo aquele que é o responsável por essa desgraça, permitindo que seja julgado pelos crimes contra a humanidade. Afora isso, para além das ações já em curso feitas pelo governo do presidente Lula, resta criar – como fez o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST – uma potente rede de solidariedade e abastecimento que não só auxilie materialmente os yanômamis e outros povos e populações, mas de modo pedagógico ensine e recupere na mente e no espírito das pessoas os princípios humanistas e civilizacionais mais generosos e elevados.
Alex Saratt, professor das redes públicas municipal e estadual em Taquara-RS.
Giovanna Vargas
Se faz urgente a prática de uma cultura provida de humanização do humano, do reencontro com a essência mais sublime. Educar pra vida com empatia. Educar os servidores públicos pra acolher e respeitar, educar pra romper preconceitos.
Paralelo a isso endurecer com legislação que efetivamente puna agressores, os violadores dos direitos humanos.
Bolsonaro e sua trupe devem pagar por seus crimes contra a humanidade vide milhares mortos no COVID e agora a nação indígena, sob risco da impunidade permitir que mais aberrações futuras possam acontecer.