PUBLICADO EM 05 de fev de 2021
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Professoras e professores paulistas decretam greve em defesa da vida

Neste momento, o mais importante a se fazer é ampliar a aprimorar o ensino remoto à distância de modo a atingir todos os estudantes. Com apoio técnico e pedagógico às professoras e professores com todos os equipamentos necessários e internet grátis a profissionais e estudantes.

Por Francisca Rocha

A greve foi decidida em assembleia nesta sexta-feira (5) e começa na segunda-feira (8), dia marcado pelo governador João Doria e o seu secretário de Educação, Rossieli Soares para o início das aulas presenciais no estado de São Paulo.

Decidimos pela greve por causa da insistência do governo paulista na retomada das aulas presenciais num momento de crescimento vertiginoso do contágio pela Covid. É um total desrespeito não só às professoras e professores da rede oficial de ensino do estado, mas também aos estudantes, demais funcionários das escolas, às famílias dos profissionais e dos estudantes, à comunidade escolar e à toda a sociedade. Enfim um total desrespeito às determinações sanitárias, científicas, desrespeito à vida.

Com esse retorno dos profissionais, mesmo sem alunos ainda, 75 trabalhadoras e trabalhadores contraíram a Covid, imagine quando todos os agentes estiverem presentes. Crianças e adolescentes nas instalações precaríssimas das escolas públicas do estado mais rico da nação que abandonou a educação pública.

As denúncias que chegam à Apeoesp são constantes sobre a falta dos protocolos necessários para haver aula presencial, ainda mais neste momento no qual a segunda onda do coronavírus vem causando mais de mil mortes diariamente em média. No país já temos quase 230 mil óbitos e no estado já ultrapassamos os 50 mil, esse número é mais alto do que os óbitos de vários países.

Além de todos esses dados, Doria e Rossieli ignoram a imensa desigualdade social no estado. Se nas escolas de bairros de classe média a manutenção da limpeza é falha pela falta de funcionários e não há nem álcool em gel suficiente, na periferia a situação é desastrosa. A precariedade é absoluta. Faltam funcionários para a limpeza adequada e falta estrutura suficiente para termos aulas sem pandemia, imagine nessa situação.

A greve é em defesa da vida de todas as pessoas. Fazemos esta greve não por reivindicação salarial. Queremos retornar às aulas presenciais, mas em condições de preservação da saúde. Lutamos por mais recursos para a educação pública e pela vacinação de toda a população e a inclusão dos profissionais da educação no grupo prioritário e com segurança sanitária. Para voltarmos às aulas presenciais, ao menos70% das pessoas devem estar vacinadas, como indicam os cientistas.

Neste momento, o mais importante a se fazer é ampliar a aprimorar o ensino remoto à distância de modo a atingir todos os estudantes. Com apoio técnico e pedagógico às professoras e professores com todos os equipamentos necessários e internet grátis a profissionais e estudantes. Nenhum aluno pode ficar sem aula por falta de condições. O estado tem a obrigação constitucional de levar a educação a todas e todos. E também respeitar e valorizar as trabalhadoras e trabalhadores da educação pública.

Alertamos aos pais para o perigo de crescimento do contágio do coronavírus. Porque como dizem os cientistas, a mutação ocorrida no vírus em Manaus é mais agressiva e contagiosa. E nós temos governantes que não valorizam a vida. Só agem pelos interesses dos mais ricos, que querem manter seus lucros a qualquer preço.

Muito importante trilharmos essa caminhada em defesa da vida junto com mães, pais, estudantes e toda a sociedade que luta pelo respeito à vida e ao serviço público. Queremos viver e que todas e todas vivam. Vamos firmes na luta pela vacinação e por todos os procedimentos necessários para preservar a vida. Começando pelo grito de Fora Bolsonaro.

Não podemos mais manter na Presidência alguém tão incapaz, que boicota a vida, a ciência, a saúde e a educação públicas. Fora Bolsonaro é uma questão de sanidade para o país.

Auxílio Emergencial

Outra questão fundamental para o combate à pandemia, continua sendo o isolamento social. Mas para isso, é necessário retomar o pagamento do auxílio emergencial para as famílias que ficam sem trabalho e renda.

O auxílio emergencial deixou de ser pago desde o mês passado e muitas famílias voltam à miséria absoluta. Triste realidade. Por isso, auxílio emergencial já! Pressione pelas redes sociais pelo site www.auxilioateofimdapandemia.org e assine a petição.

Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).

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