O Brasil tem vivido retrocessos inimagináveis nas questões dos direitos sociais, humanos e individuais. As maiores vítimas, como sempre, são as mulheres, essencialmente as mulheres da classe trabalhadora. Aquelas que têm sobre os seus ombros, todo o peso de administrar a crise dentro de casa para garantir a sobrevivência de sua família.
São as mulheres as primeiras a perder seus empregos, as últimas a se realocarem e ainda sofrem todo tipo de violência, seja dentro de casa, nas ruas ou no ambiente de trabalho. São as mulheres que têm que se virar com a carestia e mesmo assim ter algo para encher as panelas e alimentar a sua prole. E ainda são marginalizadas no mercado de trabalho.
Mas também são as mulheres que vão à luta para mudar o país. Para exigir educação pública de qualidade, para exigir mais investimentos no SUS, par exigir a saída desse desgoverno genocida, machista, racista, LGBTfóbico e contra os interesses nacionais e de quem vive do trabalho.
A política econômica de Bolsonaro e do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, está levando o país ao caos. A fome voltou com o crescimento do desemprego e da precariedade no mundo do trabalho. Os salários estão sendo achatados e as condições de trabalho cada vez mais desumanas.
Com isso, o movimento pelo Fora Bolsonaro cresce e o prestígio do desgoverno cai, mas precisamos mais. Muito mais para acelerar a saída desse governo do caos para os mais pobres para elevar os ganhos, cada vez mais altos, dos mais ricos.
Com Temer e Bolsonaro, as mulheres praticamente sumiram do governo, dos cargos de decisão. Por isso, na eleição do ano que vem precisamos lutar, como só as mulheres sabem lutar, para elegermos um número muito maior de mulheres para o Congresso Nacional, para as assembleias legislativas estaduais e para todos os cargos.
Mas precisamos de mulheres comprometidas com a luta pela emancipação feminina e de respeito aos direitos trabalhistas, direitos sociais, humanos e também individuais. Mulheres comprometidas com a classe trabalhadora.
Precisamos eleger mulheres que lutem por mais creches, mais escolas, mais universidades, mais investimentos no SUS, mais ciência, mais cultura e por políticas públicas pelos direitos das mulheres, por equidade em todos os setores da vida, por um amplo debate sobre as questões de gênero que favoreça o combate a todo tipo de violência de gênero. Que ensine as crianças a identificar o que é carinho e o que é abuso. Que ensine as pessoas a respeitarem umas as outras. Que mostre que ninguém é melhor do que ninguém e que todas e todos merecem uma vida digna, com liberdade e com respeito.
Mais mulheres na política pode ser o começo da construção dessa nova sociedade. Uma sociedade voltada para o bem-estar de todas as pessoas. Mais mulheres na política para tirar o Brasil do fundo do poço.
Heloísa Gonçalves de Santana é professora aposentada, secretária da Mulher da CTB-SP, Conselheira Regional de Representantes da Subsede Marília da Apeoesp e integra o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Marília (SP).