Passados alguns dias da estarrecedora apresentação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril fica cada vez mais claro o desprezo de seus participantes para a situação catastrófica pela qual passava (e ainda passa) o povo brasileiro.
Durante duas horas o que seria uma apresentação e discussão do plano pró Brasil transformou-se em uma “pestilencial quadrilha de insolentes” (na frase de Cícero, garimpada por João Franzin) comandada pelo presidente da República com seus arroubos e maus modos e secundada por bajuladores raivosos; às favas o Brasil!
Já faz parte da história, mas estes comportamentos lamentáveis continuam infelicitando o país.
Nos assuntos diretamente ligados às preocupações sindicais e às ações necessárias continua vigente a necessidade de enfrentar a doença e os ataques aos trabalhadores.
Os números recentemente divulgados por várias fontes confirmam a acelerada deterioração da situação sanitária com o Brasil ascendendo à trágica pole position da doença e com a deterioração das relações do trabalho.
A esmagadora maioria de acordos e convenções salariais negociadas neste último período aponta uma enxurrada de resultados que não conseguiram repor a inflação (mesmo que muito baixa).
Registre-se também um número impressionante de ações trabalhistas decorrentes dos efeitos da Covid-19 e das tentativas fraudulentas de muitas empresas de demitirem sob a cobertura dos artigos 486 e 501 da CLT, judicializados com razão pelos trabalhadores e criticados fortemente pelo Ministério Público do Trabalho.
As direções sindicais preocupam-se com a votação iminente da MP 936 em uma correlação de forças congressual piorada depois das tratativas do presidente da República com o Centrão.
Enquanto isso os auxílios emergenciais para as micros, pequenas e médias empresas (empoçados pelos bancos e burocratizados pelos agentes públicos) não se efetivam, o que determinará no início do mês uma quebradeira de empresas e demissões em massa.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical