Tenho recomendado que cada destacamento sindical, cada entidade, cada direção façam uma criteriosa análise da correlação de forças e da disposição de luta dos representados para enfrentar com êxito a difícil situação porque passam os trabalhadores e os sindicatos.
Ao fazê-las sugiro que se organize uma escala decrescente de possibilidades estratégicas (excluídas a capitulação e a adesão) – confronto, contestação, resistência, contenção de danos, resistência passiva – capazes de orientar a ação.
Determinar com precisão o verdadeiro e possível empenho na luta para alcançar vitória deve ser mais que inteligência, é obrigação.
Ao falar para a base nos locais de trabalho, nas reuniões sindicais, nas assembleias os dirigentes (tendo se situado naquela grade de possibilidades que recomendei) devem se concentrar nos temas prioritários de interesse dos trabalhadores e nas palavras de ordem que melhor sintetizem suas reivindicações e suas motivações.
De nada adianta (ao contrário, prejudica) começar a intervenção, já que não se trata de passeata ou manifestação de rua, com afirmações grandiloquentes que se remetem a uma falsa radicalização, mas que na vida real dividem e confundem o auditório.
Abandonar, por um momento que seja, a verdadeira pauta de interesse imediato dos trabalhadores e substituí-la por imprecações raivosas em nada contribui para o verdadeiro exercício de direção compatível com a vontade manifesta e unitária dos trabalhadores reunidos, mobilizados e dispostos à luta.
E, como consequência da escolha estratégica feita com conhecimento de causa e deste comportamento tático baseado nos interesses reais dos trabalhadores, passa a ser imperiosa a prioridade a ser dada a reivindicações ou a propostas de luta que alcancem vitória, mesmo que parcial e momentânea, um grão de areia na engrenagem atemorizante.
Se sabemos o rumo e nos calçamos bem as grandes caminhadas vitoriosas se fazem com pequenos passos firmes.
Feliz Natal, se for possível
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical