Vou me permitir fazer uma crítica pública e pontual ao cartaz divulgado pelas centrais sindicais convocando a jornada do dia 7 de agosto.
Não me refiro, é lógico, à sua estética que valoriza em foto os metalúrgicos do Paraná (apoiando a greve na Renault) e contrapõe o luto pelos quase 100 mil mortos à luta pela vida e pelo emprego.
A minha crítica refere-se à inscrição com tipologia diferente das letras do cartaz da frase “Fora Bolsonaro” no meio dele, confirmando o endosso das direções a uma posição política que não é unitária.
Recapitulemos. No dia 28 de julho, onze centrais sindicais decidiram fazer do dia 7 de agosto o Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida e dos Empregos (com inúmeras programações), repudiar a exigência da volta dos alunos às salas de aula em plena pandemia, exigir das autoridades proteção reforçada para os trabalhadores da área da saúde, reafirmar a pauta emergencial com auxílio de R$ 600 até dezembro, ampliação das parcelas do seguro desemprego, liberação do crédito às micro e pequenas empresas, fortalecimento do SUS e derrubada pelo Congresso Nacional dos vetos presidenciais lesivos aos trabalhadores.
Esta foi a pauta publicada e assumida pelas assinaturas dos onze dirigentes sindicais daquelas entidades.
No dia 29 de julho a Campanha Fora Bolsonaro de maneira explícita encampou tal iniciativa, mas introduziu nela a sua reivindicação política que não consta da pauta original das centrais e que se justificaria se fosse apenas a deliberação militante do grupo ao se somar à manifestação sindical.
Para minha surpresa no dia 2 de agosto as mesmas centrais sindicais cujos dirigentes assinaram no dia 28 de julho a pauta original aprovaram (com suas logomarcas estampadas) o cartaz oficial para jornada do dia 7 de agosto em que aparece a frase “Fora Bolsonaro” como lema relevante da manifestação, ao lado do “Luto” pelas quase 100 mil mortes e da “Luta” em defesa da vida e do emprego.
Houve oportunismo e displicência e temo que a complacência das centrais ao deixarem que se violasse impunemente a pauta original possa causar prejuízos e divisões na jornada, ao invés de fortalecer a luta e a unidade pela vida e pelo emprego.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical