Estamos diante de um cenário preocupante para todos os trabalhadores brasileiros. A inflação continua corroendo o poder de compra dos assalariados, sendo que em abril atingiu 1,06%, e a marca de 12,13% em 12 meses.
O descontrole dos preços se torna evidente. Os alimentos, com a cesta básica subindo 18% em abril, os preços dos bens de consumo duráveis nas alturas, bem como o custo do transporte e dos combustíveis, agora dolarizados. Para enfrentar essas altas, o salário mínimo no Brasil, deveria ser de R$ 6.754,33 pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e não os minguados R$ 1.212,00.
Para complicar ainda mais, o desemprego atinge níveis absurdamente alarmantes, na intolerável faixa de 14%. A classe trabalhadora, que já foi duramente penalizada, durante a pandemia, com redução de ganhos, demissões e riscos com a Covid-19, agora enfrenta um dos piores momentos de sua história.
Carestia
O termo carestia voltou a fazer parte das conversas dos brasileiros que não suportam mais o desemprego, a fome e a falta de perspectivas de melhora nas condições de vida.
Tenho apoiado as iniciativas de luta contra a carestia. Minha motivação é maior ainda quando vejo que as mulheres estão sendo protagonistas em muitos movimentos que conclamam trabalhadores, patrões, governos, instituições privadas e ONGs a encontrarem saídas para essa crise, que só se agrava.
As mulheres conhecem a realidade como ninguém. Têm jornadas duplas e até triplas. São trabalhadoras, estudantes, donas de casa, administradoras da economia doméstica e gestoras da família. Vejo isso diariamente entre os comerciários. Mais da metade da categoria, formada por 12 milhões de trabalhadores no Brasil e 2 milhões e 500 mil no Estado de São Paulo, é representada por mulheres.
Participando de comitês nos locais de trabalho, de organizações sindicais e de instituições que apoiam os trabalhadores, as mulheres têm mostrado força, talento, conhecimento e garra na busca de soluções para este triste quadro.
Política
As eleições que se aproximam é uma oportunidade importante para levar a luta contra a carestia adiante. As mulheres representam apenas 15% dos parlamentares eleitos no Congresso Nacional. É preciso ampliar essa participação, também nos Estados e Municípios, por meio da poderosa arma do voto.
Com participação ativa nas diferentes comissões temáticas, as mulheres parlamentares tem se destacado na defesa dos interesses da classe trabalhadora como um todo.
Por isso, tenho apoiado um grande número de iniciativas que vem delas. Os mais recentes projetos que merecem todo o nosso empenho, são os que tratam da luta contra a carestia, os que apresentam propostas viáveis e que podem salvar os trabalhadores brasileiros de uma crise ainda mais grave.
Elas também estão envolvidas nos projetos de reforma tributária, modernização da economia, criação de emprego e renda e na luta contra a alta dos juros. Também se destacam pela volta de uma política de estado que recupere a dignidade e o poder de compra dos trabalhadores.
Luiz Carlos Motta é Presidente da Fecomerciários, da CNTC e Deputado Federal (PL/SP)