
O sindicalismo classista deve se posicionar nas eleições de 2026. Entenda suas prioridades para um novo ciclo de desenvolvimento.
O ano de 2026 será marcado pelas eleições gerais em outubro. Estarão em disputa a Presidência da República, a Câmara Federal, dois terços do Senado, os governos e assembleias estaduais.
As eleições serão realizadas em uma conjuntura complexa que cobrará do sindicalismo orientação política correta e clareza para definir suas prioridades em 2026. O desfecho desta batalha eleitoral definirá os rumos da luta pela valorização do trabalho.
A primeira e decisiva questão para avançar nestas prioridades é reeleger o projeto político liderado pelo presidente Lula. Derrotar a extrema-direita é o passo inicial para avançar rumo a um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social.
Plenária da Classe Trabalhadora
Um momento importante para debater tal tarefa será a realização, no dia 15 de abril, em Brasília, da Plenária da Classe Trabalhadora, iniciativa do Fórum das Centrais Sindicais, que busca atualizar a agenda da classe para o próximo período.
A reeleição do presidente Lula é premissa essencial para avançar nesta nova agenda. Mas não será tarefa fácil derrotar o conservadorismo direitista. O movimento sindical precisará ter amplitude política, clareza programática e mobilização consciente.
É fato que os trabalhadores tiveram conquistas importantes no governo Lula 3, mas precisa avançar mais. Na economia, será fundamental criar as condições para uma reforma tributária progressiva e para superar a política de juros altos do Banco Central.
Política tributária justa e juros baixos ampliam a capacidade de investimento do Estado e ajudam o país a retomar a industrialização e não se limitar a exportar produtos agrícolas e minerais com baixo valor agregado – a chamada reprimarização da economia.
O protagonismo da indústria é estratégico para o crescimento robusto e duradouro da economia, para melhorar a qualidade das nossas exportações e base para a criação de empregos de qualidade com mais salários, com reflexos positivos em todas as áreas.
Enfrentar a reforma trabalhista
Viabilizadas essas mudanças econômicas, cria-se um quadro mais favorável para a retomada em outra escala da luta para enfrentar a reforma trabalhista e construir uma nova e mais ampla legislação que elimine o trabalho precário.
Paralelamente, é preciso recuperar as condições de sustentação material dos sindicatos e restaurar o papel de representação plena dos trabalhadores. Entidades fortes e representativas são essenciais para valorização do trabalho e dos trabalhadores.
A estratégia do grande capital vai em outra direção. Aplica uma política nucleada na redução do custo da força de trabalho e na chamada flexibilização de direitos, eufemismo para legitimar a maior exploração e ampliação de suas taxas de lucro.
As consequências danosas dessa política são claras:
- aumento do subemprego,
- crescente desregulação e invisibilização das relações trabalhistas,
- eliminação de direitos,
- aumento da jornada de trabalho e
- diminuição dos salários.
Para viabilizar essa política antitrabalho, no Brasil e em outros países foram aprovadas reformas que, entre outros aspectos danosos, enfraqueceram os sindicatos, limitaram o papel da Justiça do Trabalho e desmontaram os fundamentos da CLT.
Tudo isso ocorre simultaneamente às profundas mudanças na organização e gestão do trabalho. O acelerado desenvolvimento tecnológico e o esgotamento do fordismo e suas grandes linhas de produção são fatos relevantes a serem melhor estudados.
Esforço redobrado para o sindicalismo
O grande capital se apropria desse avanço tecnológico com o uso intensivo de robôs, máquinas inteligentes e formas flexíveis de trabalho na produção e nos serviços. O resultado é um grande aumento da produtividade
Os teóricos a serviço do capitalismo passam a difundir a tese de que o aumento da produtividade provoca o desemprego estrutural e, com isso, as atuais leis trabalhistas se tornam anacrônicas e precisam ser “modernizadas”.
Esse discurso acaba tendo um efeito colateral negativo ao fazer a cabeça de parcelas dos trabalhadores, que passam a acreditar que o individualismo e a meritocracia, e não a luta, são as únicas opções para melhorar seu status social.
Neste quadro, cabe ao sindicalismo um esforço redobrado para melhorar a organização nos locais de trabalho, ampliar a sindicalização, a capacidade de mobilização e investir mais na formação e desenvolvimento da consciência de classe dos trabalhadores.
Esse trabalho deve levar em consideração que o mercado de trabalho no Brasil é bastante heterogêneo, há muita informalidade e rotatividade. Crescem bastante o trabalho mediado por aplicativos e outras modalidades de trabalho por conta própria.
Mesmo no trabalho formal há uma diversidade imensa de trabalhadores terceirizados e intermitentes. É necessária, assim, a luta para incorporar todos esses trabalhadores em um arcabouço legal que garanta direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais.
O movimento sindical brasileiro é resiliente, já passou por conjunturas adversas e sempre ressurge com força. Apostar na mobilização unitária em torno de uma agenda comum é a via para o sindicalismo, mais uma vez. ser protagonista na atual conjuntura.
Neste ano de 2026, a luta pela valorização do trabalho e progresso social, com sindicatos fortes e representativos, certamente jogará papel insubstituível para fazer avançar a luta pelo desenvolvimento democrático e soberano do nosso país.
Feliz 2026!
Nivaldo Santana é Secretário Sindical Nacional do PCdoB e secretário de Relações Internacionais Adjunto da CTB


























