Os impactos da crise sanitária sobre a dinâmica econômica, em especial sobre o mundo do trabalho, serão severos, múltiplos, inéditos e de longa duração, provocando novas transformações ou acelerando outras que estavam em curso. Olhar os fenômenos no momento em que acontecem é uma das tarefas das pesquisas sociais realizadas por inúmeros institutos, inclusive o IBGE. Para olhar e ver os novos fenômenos é preciso ajustar os instrumentos de observação, o questionário, a amostra, o período de coleta, entre outros.
Saudamos a iniciativa do IBGE que colocou em campo, a partir de maio, uma pesquisa semanal experimental, portanto, corretamente submetida a ajustes futuros. Trata-se da PNAD COVID19 que traz indicadores sobre saúde e sobre o mercado de trabalho[1].
A pesquisa traz informações semanais a partir de 03 de maio para Brasil e grandes regiões e mensais para as Unidades da Federação. Sobre o mundo do trabalho a observação destaca os impactos sobre o desemprego, as formas de ocupação com o trabalho remoto e os inúmeros efeitos do isolamento sobre a procura por emprego, sobre os programas como o Auxílio Emergencial ou de sustentação dos salários (suspensão ou redução da jornada de trabalho).
A PNAD COVID19, apesar de usar a mesma base da PNAD Contínua, é outra pesquisa. Realizada totalmente por telefone, está estruturada em uma amostra de 193 mil domicílios/mês, 48 mil por semana, abrangendo todo o território nacional. Será realizada durante todo o período da pandemia.
A PNAD Contínua manterá a observação do comportamento do mercado de trabalho e o fornecimento dos dados oficiais sobre emprego e desemprego. A nova pesquisa PNAD COVID19 será produzida em paralelo com aquela.
Muita atenção: os resultados das duas pesquisas não comparáveis. As duas pesquisas usam amostras distintas, a PNAD Contínua é feita através de uma amostra trimestral e a pesquisa PNAD COVID19 é composta de quatro amostras semanais independentes no mês, além de tempos distintos de observação, perguntas diferentes e de novos conceitos.
A observação atenta desses dados, com outros disponíveis como, p.ex., os do CAGED, as estatísticas do seguro-desemprego, do BEm (Benefício Emergencial para pagar salários), entre outras, permitem melhorar a qualidade do diagnóstico, apurar informações e produzir conhecimento para planejar a atuação sindical e das políticas públicas.
Clemente Ganz Lúcio, sociólogo, consultor e professor, assessor das Centrais Sindicais.
[1] Disponível mercado de trabalho em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/27972-pandemia-dificulta-acesso-de-28-6-milhoes-de-pessoas-ao-mercado-de-trabalho-em-maio saúde em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27971-3-6-milhoes-de-pessoas-com-sintoma-associado-a-sindrome-gripal-procuraram-algum-estabelecimento-de-saude-entre-24-e-30-de-maio e