PUBLICADO EM 19 de set de 2023
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O Futuro do Emprego Industrial na Cidade de São Paulo

No dia 01 de setembro realizamos o seminário intitulado: “O Futuro do Emprego Industrial na Cidade de São Paulo” na Câmara Municipal com o objetivo de discutir o futuro do emprego na cidade de São Paulo. O evento reuniu sindicalistas, Centrais Sindicais e Sindicatos Patronais. Nosso compromisso é enfrentar o problema da perda de importância da indústria na cidade de São Paulo, considerando que esta cidade já foi responsável por 4 de cada 10 empregos industriais no país.

Construímos uma imagem da cidade de São Paulo como a de maior centro econômico e industrial deste país. Nos anos de 1970 a cidade ostentava posição de principal polo industrial do Brasil. Enquanto o Estado respondia por 58% do produto industrial apenas a Região Metropolitana de São Paulo concentrava 44%. Neste período a produção industrial da capital paulista e de seu entorno representava quase a metade de toda a produção industrial nacional e a indústria era responsável por quase um milhão de postos de trabalho.

É fundamental recuperar o papel da indústria na formação econômica e social brasileira. A indústria foi o motor do crescimento econômico brasileiro no período 1950- 1980, quando o país constituiu uma estrutura industrial relativamente diversificada, integrada e impulsionada pelo mercado doméstico, historicamente a indústria sempre foi responsável pela geração de melhores empregos impulsionando o mercado de consumo e gerando postos de trabalho em outros segmentos da economia.

A partir da década de 1980, em função das políticas de ajustes neoliberais, a crise do endividamento externo que assolou todos os países periféricos a indústria perde dinamismo. O Estado comprometido com pagamento da dívida externa, desaquece o mercado interno de consumo, estimula as exportações com o objetivo de continuar cumprindo com os serviços da dívida, contudo, nível de emprego ainda é elevado 968 mil.

Apesar disso, São Paulo continuou na liderança nacional industrial, mas reduzindo o seu tamanho passando a concentrar 33% do produto industrial. Os anos de 1990 foram marcados pela abertura econômica e comercial com a desestruturação de elos de várias cadeias produtivas, redução do peso da indústria na composição do PIB, com reflexos no nível de emprego, 712 mil em 1995.

Com o encolhimento da indústria o país voltou a produção extensiva primária para a exportação e a produção interna voltada a um mercado interno asfixiado pela baixa renda, pelo desemprego, pela pobreza e pela desigualdade social. A indústria é fundamental para geração de empregos qualificados e protegidos. Com isso emerge uma nova classe trabalhadora cada vez mais desagregada da tradicional relação salarial e, por consequência, dos direitos sociais e trabalhistas

Os efeitos sobre a indústria foram variados, com a desestruturação de elos da cadeia produtiva, a exemplo do setor químico, destruição de parques industriais na cadeia têxtil e de confecções com a entrada massiva dos importados, a expectativa de que certos segmentos das cadeias produtivas fossem se especializando diante da concorrência externa, mas isso não aconteceu.

Em 2010 reduziu pela metade o emprego na indústria na cidade de São Paulo, 505 mil e em 2021 (último dado disponível) já representava um terço, 308 mil. Somente entre 2010 e 2021 foram eliminados 197 mil postos de trabalho e o número de estabelecimentos caiu de 25.095 mil para 19.171 mil. Hoje a indústria representa 8% do emprego na cidade.

A participação do PIB municipal passou de 12,7% em 2002 para 9,6% em 2022 e no Estado de São Paulo a participação do município caiu de 36,4% em 2002 para 29,6% em 2022. Entre 2002 e 2022 o PIB industrial caiu 19,2%, enquanto os serviços cresceram 63,8%.

Não compartilhamos com as afirmações sobre um movimento irreversível de esvaziamento econômico da região metropolitana de São Paulo, especialmente o município, mas consideramos que não é possível deixar apenas para as mãos do livre mercado é fundamental pensar em termos de políticas públicas, o que o Estado e mais precisamente esta Casa legislativa podem contribuir para retomar projetos em setores estratégicos da indústria e que estejam conectados com uma visão desenvolvimentista que considera a indústria como principal vetor de crescimento econômico e social.

Atualmente, a tarefa de revitalizar a indústria tornou-se mais complexa, em função das transformações globais que temos testemunhado, com o acirramento da competição tecnológica, disputas geopolíticas, mudanças climáticas e efeitos da pandemia, mas nem por isso tornou-se mais difícil, já que oportunidades também estão se abrindo.

A indústria segue sendo o “motor do crescimento econômico” e continuará exercendo papel relevante no desempenho das economias em desenvolvimento, notadamente devido ao seu papel no progresso tecnológico e no auxílio à descarbonização dos sistemas produtivos. Revitalizar a indústria também potencializa a geração de empregos qualificados e protegidos.

Hélio Rodrigues de Andrade, presidente do Sindicato dos Químicos de São Paulo e Vereador de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT)

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  • Sandra Regina da Rocha

    Bom dia,acredito tbm que aja necessidade da criaçao e fortalecimento de sindicatos para lutar por melhores condições de trabalho,oque acontece hoje com os entregadores,o trabalho virou “disputa”,um jogo atràs do dinheiro,e às pessoas se submetem ao jogo insano da polìtico neo-liberal

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