Um dos maiores dramas enfrentados pelo trabalhador brasileiro nos dias atuais é, sem qualquer dúvida, o desemprego, ou a possibilidade de vir a passar por tal situação. Quem tem seu emprego, e nunca vivenciou tal cenário, talvez não consiga dimensionar a reviravolta na vida de um trabalhador, um chefe de família que, repentinamente, se vê impossibilitado de pagar as contas de sua casa, adquirir aquilo que se fizer necessário ou trazer o sustento para si próprio e para os seus.
Hoje, o número de desempregados em nosso país ultrapassa a casa dos treze milhões de trabalhadores, e o número de trabalhadores no mercado informal – sem registro em carteira e sem qualquer direito trabalhista – é quase idêntico. Se, acrescido ao número de trabalhadores fora do mercado de trabalho, contabilizarmos, também, os familiares que deles dependem, o número torna-se estratosférico, impossível de ser calculado com exatidão ou mesmo aproximadamente.
Os Brasil necessita, urgentemente, que nossas autoridades atuem no sentido de, efetivamente, formalizar políticas que favoreçam a geração de postos de trabalho e a distribuição de renda. Mas o que assistimos recentemente, incrédulos, foi a criação de uma reforma trabalhista que, em vez de alavancar a geração de emprego, precariza os formais sobreviventes ao holocausto trabalhista à custa da supressão de direitos, o achatamento de salários, jornadas intermitentes e as frequentes tentativas de enfraquecimento da atuação sindical, entre outras aberrações igualmente perniciosas que só trazem desalento.
Para que o Brasil retome o seu caminho do desenvolvimento pleno e do crescimento econômico, os brasileiros precisam ter trabalho e ser amparados por uma legislação que verdadeiramente os proteja e os ampare.
A nossa luta é justamente para que este quadro seja alterado, os postos formais de trabalho ressurjam com vigor, a renda seja distribuída da forma que deve ser feita, os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e ampliados e as famílias não se desagreguem por conta de uma situação pela qual elas não têm nenhuma culpa. A luta é árdua, mas temos de galgar um degrau por vez para que as coisas voltem à normalidade. Só não podemos – e não vamos – parar de lutar!
Miguel Torres é Presidente interino da Força Sindical